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Divagação a propósito da exposição de fotografias de Nuno Furet, sobre os arrozais do Baixo Mondego

 


Sou um consumidor frequente de exposições. Das mais diversas exposições, nomeadamente de pintura e de fotografia.

Vem esta minha divagação a propósito da última exposição que visitei. Uma exposição de fotografia, de Nuno Furet, que está patente ao público no CAE – Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz. O seu título é “Um ano nos arrozais do Baixo Mondego - Uma deambulação fotográfica”.

E, para além da ideia que originou as fotografias, de que gostei particularmente, um ano em torno de uma realidade, que nos mostra as rotações e as translações da inexorabilidade do tempo que passa, em repetências cósmicas, aquilo que me levou a este texto tem a ver com o processo expositivo.

Concretamente, quero destacar o facto de as fotos nos serem apresentadas sem qualquer cobertura de vidro/acrílico.

E será que esse aspeto merecia uma nota? Merecia esta crónica?

A minha resposta é sim. Direi mesmo que faz toda a diferença. Aquele ‘ruído’ que a iluminação normalmente provoca sobre o objeto expositivo não permite que usufruamos de todo o conteúdo significante que as fotos têm. É que, quando há um vidro sobre as fotografias, muitas vezes, temos de procurar ângulos de visão, tais, que perdemos, quase sempre, o melhor enquadramento de observação.

Fica a dica!

E, a propósito, se ainda não visitou esta exposição, informamos que a mesma estará patente ao público, no CAE da Figueira Foz, até 24 de novembro, na Sala Afonso Cruz, com entrada livre, sujeita a marcação para escolas.

Acácio Pinto

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