Trago-vos hoje, dia trágico para a França, para a Europa, e para o nossa civilização, um pequeno excerto de um texto que escrevi aquando da apresentação do livro "O CRIME DE CEREJEIRO" de Joaquim Sarmento, editado pela Papiro.
E trago aqui este excerto pelo facto de nele me ter referido a Paris, cidade que também perpassa pela obra que apresentei.
E trago aqui este excerto porque quero continuar a viver com o espírito de Paris, dessa Paris de sempre, dessa Paris que nos apaixona e por quem nos apaixonamos, dessa Paris de liberdade e multiculturalidade.
E trago aqui este excerto porque o terrorismo não pode vingar, porque o terror e o medo não podem triunfar...
E trago-o aqui porque me quero associar à Torre Eiffel, ao Montmartre, ao Quai d'Orsay, à Bastilha, ao Louvre, porque me quero solidarizar com o povo francês.
Eis esse excerto:
«(...) Eu venho falar-vos de um homem criado
pelo autor. Com certeza, criado pelo autor. Detalhado pelo narrador. Sem
dúvida. De um homem culto. De pensamento livre. De um homem duriense. De gema.
De um amante da liberdade e da felicidade. (Que nem sempre encontra). De um
homem que vagueia que busca. Que perscruta. Que questiona. Que se relaciona.
Que ama. Que arde de paixão.
Em Paris. Muito em Paris. No Louvre. No
Museu d’Orsay. Nessa cidade eterna. (Tua cidade eterna?) De um homem que sorveu
e amou nessa Paris de ontem e de hoje. De sempre.
“Fizeram o trajecto que vai da
praça de Vendôme a Orsay a pé e aos beijos. Não se coibiram mesmo de exibir,
como se de uma sessão de autógrafos se tratasse, um prolongado beijo na boca,
numa das passadeiras (...) provocando a ira de alguns automobilistas e as
palmas de um numeroso grupo de jovens (...)” (pág. 28 do livro).
De um homem que pisou as ruelas de Montmartre (não citadas) mas que se percebem. Nas ruelas dos pintores vagabundos,
navegantes, de que ele tanto gosta. Nos espaços dos criadores da cor do som. Do
gemido. Nos territórios da cor dos suores famintos exalados nas alcovas
apertadas. Dos inventores do timbre das paixões cegas. E de ciúmes: “gostava
(...) de provocar o parceiro, para poder sentir ciúmes. Não por masoquismo, mas
por saber que à tempestade verbal desse entorse do amor, se seguiriam as
delícias do leito da volúpia que evaporava todos os ciúmes” (pág. 26 do livro) (...).»
Liberté, égalité, Fraternité.