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Chega desta ladainha da direita, de falar em falta de
legitimidade, em assalto ao poder, em usurpação ou em fraude. Habituem-se e
habituemo-nos todos a lidar com a nova realidade. António Costa é o novo
Primeiro-Ministro, ponto, e que se saiba a Constituição da República e todo o
ordenamento jurídico português não foram violados. Ou acham que o insuspeito
inquilino de Belém o permitiria?
É que se a direita quiser continuar a trilhar esta deriva seria
bom que, antes de prosseguir, dissesse qualquer coisa aos portugueses sobre a
devolução da sobretaxa (lembram-se dos 35% na campanha eleitoral?), que, afinal,
agora vai ser devolução zero. Ou então que explicasse como é que o Novo Banco que
não iria ter consequências para os contribuintes, já sorveu 4,9 mil milhões de
euros e agora mais 1,4 mil milhões dos testes de stress e fora o que para aí
virá… e tudo isto depois de falharem a sua venda. Ou então que “fizessem um
desenho” muito bem feito para nos explicarem o que é isso de vender a TAP mas o
risco de incumprimentos ou dos prejuízos ficarem no Estado!
Parem, portanto, com essa “calimerice” do coitadinhos de
nós, que até ganhámos, mas esses esquerdistas revolucionários não nos deixam
governar!
Respirem fundo e sejam oposição. E aí chegados se quiserem
podem então votar contra tudo o que vos aparecer à frente. Cumpram a promessa da
indisponibilidade para ajudarem não o Governo do PS, mas o Governo de Portugal.
O XX Governo de Portugal.
Votem, portanto, sempre contra. Sejam coerentes! Cumpram
essa promessa, como fazem os meninos rabugentos quando as coisas não correm de
feição! Mesmo naqueles diplomas que corresponderem ao vosso pensamento e ao
vosso programa votem contra. O povo português cá estará depois para o vosso
julgamento enquanto oposição e para o julgamento do desempenho do Governo.
A direita deveria colocar-se, não estas, mas outras
questões: Será que alguém a impediu ilegitimaente de governar? Será que Passos Coelho não foi
nomeado Primeiro-Ministro?
E se assim fizesse, a direita perceberia que é assim a
democracia tal qual a conhecemos em Portugal há quarenta anos. Para se governar
tem que se ter uma maioria no Parlamento que não rejeite os programas de Governo
e os orçamentos.
Aquilo a que estamos a assistir mais do que uma perplexidade
é antes uma “cegueira” política de uma direita que se julgava protegida (vá-se
lá saber por quem!) face a todas as tropelias que nos últimos anos infligiu aos
portugueses.
Habituemo-nos, o tempo é outro, é o tempo de um Governo PS,
liderado por António Costa e apoiado pelos partidos à esquerda.
Acácio Pinto
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