Avançar para o conteúdo principal

Funcionários para a mobilidade, ou despedimento coletivo?

O PS, através do grupo parlamentar e das secções de educação, tem vindo a denunciar aquilo que configura um "despedimento coletivo" dos funcionários das escolas por parte deste governo e do ministério da educação.
Com efeito, a pretexto da racionalização e da gestão da rede de recursos humanos nas escolas, o governo deu uma semana às escolas para indicar para mobilidade os funcionários que, de acordo com os seus próprios números, estariam a mais em cada escola/agrupamento de escolas. Para além de não sabermos como chegaram aos números que apresentam, os mesmos apontam, em algumas escolas, para quebras de cerca de metade de todos os funcionários aí existentes, o que nos parece muito pouco razoável. Em sentido contrário, nada é referido sobre quais as escolas que terão pessoal a menos.
Acresce que a altura do ano em que este procedimento ocorre parece indiciar o propósito de proceder a uma indicação de funcionários a despedir sem que os mesmos se apercebam disso, atirando para cima dos diretores a responsabilidade de indicar, em concreto, cada nome, mesmo que a partir de critérios definidos centralmente.
Só a título de exemplo refira-se o caso de Moimenta da Beira (Viseu) que deverá indicar 50 funcionários para a mobilidade, cerca de metade dos existentes. Trata-se do único agrupamento escolar do concelho, constituído por mais de vinte escolas e que dista dos agrupamentos mais próximos várias dezenas de quilómetros. Pode facilmente imaginar-se o impacto que terá na economia local a potencial perda de emprego de 50 pessoas, num prazo não superior a um ano. A par desta situação segue o procedimento genérico de rescisão por “mútuo acordo”. Pergunta-se como se pode falar em mútuo acordo quando uma das partes ameaça a outra com um despedimento no prazo de um ano?

Mensagens populares deste blogue

Sermos David e Rafael, acalma-nos? Não, mas ampara-nos e torna-nos mais humanos!

  As palavras, essas, estão todas ditas. Todas. Mas continua a faltar-nos, a faltar-me, a compreensão. Uma explicação que seja. Só uma, para tão cruel desenlace. Da antiguidade até ao agora, o que é que ainda não foi dito? O que é que falta dizer? Nada e tudo. E aqui continuamos, longe, muito distantes, de encontrar a chave que nos abra a porta deste paradoxo. Bem sei que, quiçá, essa procura é uma impossibilidade. Que não existe qualquer via de acesso aos insondáveis desígnios. Da vida e da morte. Dos tempos de viver e de morrer. Não existe. E quando esses intentos acontecem em idades prematuras? Em idades temporãs? Tenras? Quando os olhos brilham? Quando os sonhos semeados estão a germinar? Aí, tudo colapsa. É a revolta. É o caos. Sermos David e Rafael, nestes tempos cruéis, não nos acalma. Sermos comunidade, não nos sossega. Partilharmos a dor da família, não nos apazigua. Sermos solidários, não nos aquieta. Bem sei que não. Mas, sejamos tudo isso, pois ainda é o q...

JANEIRA: A FAMA QUE VEM DE LONGE!

Agostinho Oliveira, António Oliveira, Agostinho Oliveira. Avô, filho, neto. Três gerações com um mesmo denominador: negócios, empreendedorismo. Avelal, esse, é o lugar da casa comum. O avô, Agostinho Oliveira, conheci-o há mais de meio século, início dos anos 70. Sempre bonacheirão e com uma palavra bem-disposta para todos quantos se lhe dirigiam. Clientes ou meros observadores. Fosse quem fosse. Até para os miúdos, como era o meu caso, ele tinha sempre uma graçola para dizer. Vendia sementes de nabo que levava em sacos de pano para a feira. Para os medir, utilizava umas pequenas caixas cúbicas de madeira. Fossem temporões ou serôdios, sementes de nabo era com ele! Na feira de Aguiar da Beira, montava a sua bancada, que não ocupava mais de um metro quadrado, mesmo ao lado dos relógios, anéis e cordões de ouro do senhor Pereirinha, e com o cruzeiro dos centenários à ilharga. O pai, António Oliveira, conheci-o mais tardiamente. Já nos meus tempos de adolescência, depois da revolu...

Ivon Défayes: partiu um bom gigante.

  Ivon Défayes: um bom gigante!  Conheci-o em finais dos anos oitenta. Alto e espadaúdo. Suíço de gema. Do cantão do Valais. De Leytron.  Professor de profissão, Ivon Défayes era meigo, afável e dado. Deixava sempre à entrada da porta qualquer laivo de superioridade ou de arrogância e gostava de interagir, de comunicar. Gostava de uma boa conversa sobre Portugal e sobre a terra que o recebeu de braços abertos, a pitoresca aldeia do Tojal, que ele adotara também como sua pela união com a Ana. Ivon Défayes era genuinamente bom, um verdadeiro cidadão do mundo, da globalidade, mas sempre um intransigente cultor do respeito pela biodiversidade, pelo ambiente, pelas idiossincrasias locais, que ele pensava e respeitava no seu mais ínfimo pormenor. Bem me lembro, aliás, das especificidades sobre os sons da noite que ele escrutinava, vindos da floresta, da mata dos Penedinhos Brancos – das aves, dos batráquios e dos insetos – em algumas noites de verão, junto ao rio Sátão. B...