Avançar para o conteúdo principal

[opinião] E a esperança?

Há uma palavra que, pelo seu conteúdo, é capaz de suplantar oceanos de dificuldades e colossais contrariedades sejam elas de que natureza forem.
Falo da palavra esperança. Falo de uma palavra que encerra uma capacidade latente de dotar os indivíduos, em qualquer parte do mundo, de ânimo, de crer e de querer lutar por um futuro melhor.
Vêm estas considerações a propósito do Orçamento de Estado que o governo apresentou e a direita, no parlamento, aprovou para 2012.
E aprovou-o sem qualquer sensibilidade social, sem qualquer tergiversação face ao objetivo, frio, de cumprir, pelo caminho da penalização do rendimento do trabalho, as metas acordadas e não por outros caminhos que lhe foram propostos pelo PS e pelo seu líder António José Seguro, mas também por dignitários da Igreja, por Mário Soares, Cavaco Silva, Rui Rio, só para citar alguns.
E aprovou este orçamento, não só contra os funcionários públicos e pensionistas, mas contra os portugueses, e sobremaneira contra os mais desfavorecidos pela evidente e previsível regressão social de que vão ser alvo, sem dar qualquer atenção aos relatórios do Conselho Económico e Social e aos apelos e pareceres de tantos e tantos parceiros sociais.
É assim como um autismo auto-imposto, cego, surdo e monotonamente (in)explicado.
Não se encontra nele uma única medida que traga uma qualquer ponta de esperança para os portugueses e com a agravante de que os excessivos sacrifícios que o mesmo encerra estarem concentrados, precisamente, nos rendimentos do trabalho, na retribuição laboral e, ainda por cima, com uma completa iniquidade.
O PS absteve-se não porque este seja o seu orçamento mas porque este é o nosso país. Mas cabe ao PS uma palavra forte, uma continuada denúncia das incoerências da direita, uma permanente narrativa que mostre aos portugueses as falácias destes governantes antes e depois de serem governo e a defesa, intransigente, do legado socialista na promoção da escola pública, na qualificação permanente do serviço nacional de saúde e na melhoria incessante de uma segurança social sustentável.
Será que pode haver esperança quando não há no OE incentivos à economia?
Será que pode haver esperança quando se suprimem dois subsídios anuais aos funcionários públicos e aos pensionistas?
Será que pode haver esperança quando se reduz na educação e na saúde o triplo do acordado com a troika?
Será que pode haver esperança quando se aumenta o IVA para a restauração?
Será que pode haver esperança quando se incentivam os jovens a emigrar?
A resposta é não, não, não e não.
Lutemos por um outro caminho. Um caminho que nos reencontre com a esperança. Só ela nos estimula à superação das dificuldades.
Lutemos por um novo caminho. Merecemo-lo.

Mensagens populares deste blogue

Frontal, genuíno, prestável: era assim o António Figueiredo Pina!

  Conheci-o no final dos anos 70. Trabalhava numa loja comercial, onde se vendia de tudo um pouco. Numa loja localizada na rua principal de Sátão, nas imediações do Foto Bela e do Café Sátão. Ali bem ao lado da barbearia, por Garret conhecida, e em frente da Papelaria Jota. Depois, ainda na rua principal, deslocou-se para o cruzamento de Rio de Moinhos, onde prosseguiu a sua atividade e onde se consolidou como comerciante de referência. Onde lançou e desenvolveu a marca que era conhecida em todo o concelho, a Casa Pina, recheando a sua loja de uma multiplicidade de ferramentas, tintas e artefactos. Sim, falo do António Figueiredo Pina. Do Pinita, como era tratado por tantos amigos e com quem estive, há cerca de um mês e meio, em sua casa. Conheceu-me e eu senti-me reconfortado, conforto que, naquele momento, creio que foi recíproco. - És o Acácio - disse, olhando-me nos olhos. Olhar que gravei e que guardo! Quem nunca entrou na sua loja para comprar fosse lá o que fosse? Naquele ba

"Sátão: 50 Anos de Liberdade" foi ao Preço Certo

O livro " Sátão: 50 Anos de Liberdade " foi ao programa Preço Certo. Este programa vai diariamente para o ar na RTP 1 sob a batuta de Fernando Mendes. Foi pela mão de Maria Conceição Loureiro, que participou no programa que foi para o ar nesta segunda-feira, dia 2 de setembro, que o livro foi oferecido a Fernando Mendes, o apresentador deste popular programa televisivo que há várias décadas está a ser emitido. O livro, da autoria de Acácio Pinto, que trata dos últimos 50 anos de vida autárquica no concelho de Sátão, foi oferecido à participante no concurso pela Junta de Freguesia de Mioma, freguesia onde reside.

RÃS - SÁTÃO: FESTA DE NOSSO SENHOR DOS CAMINHOS, DIA 26 DE MAIO

A tradicional festa de NOSSO SENHOR DOS CAMINHOS, em Rãs, concelho de Sátão, decorrerá, este ano, no dia 26 de maio, domingo da Santíssima Trindade. Estão todos convidados para se associarem a uma das maiores, senão mesmo a maior, romaria da beira, que tem na procissão e nos andores os elementos mais característicos. Nasci, cresci e vivi quase 30 anos em Rãs, onde ainda hoje, semanalmente, me desloco por lá residirem os meus pais e por razões telúricas e emocionais. Altar da capela de Nosso Senhor dos Caminhos Altar da capela da Senhora dos Verdes