Rádio Sátão ou Alive, como foi batizada nos últimos anos, é
sinónimo de António Mendes. É sinónimo daquele que foi o seu rosto mais visível
ao longo de várias décadas. Aquele que aparecia de gravador em punho nos mais
insólitos e recônditos lugares da região, desde que lá morasse a notícia.
Pois, bem sei que partiu, que a sua presença física,
bem-disposta e bonacheirona, nos abandonou. Porém, partindo, ele também ficou.
Ficou nos registos magnéticos e digitais e nos momentos captados pela nossa
memória ou pelas objetivas das máquinas analógicas e digitais.
São assim os desígnios insondáveis da vida. Batem-nos à
porta e transmutam o nosso devir. Convocam-nos sem quaisquer possibilidades de
renúncia. Sem apelo.
Assim foi. E foi chocante. Foi duro. Para mim e para tantos
‘mins’ que no Sátão e nestes territórios do Demo se habituaram a vê-lo e a
tê-lo no seu convívio mais ou menos diário. Sim, mas a crueza suprema foi para
os seus familiares, para a sua mãe.
Qual, afinal, o superior desígnio a que obedecem estas
partidas antes do tempo? Estes ‘agoras’ de sentido único que nos decepam os
sonhos e nos amputam os ‘amanhãs’? Qual, afinal?
Este não pretende ser um texto cerimonioso, rebuscado. É
simplesmente um texto que vos deixo. É, tão só, uma prece da minha memória.
Palavras sobre um cidadão que tive por camarada de armas na comunicação social,
quando o meu dia a dia também por aí passava. De um amigo que estava sempre do
outro lado do telefone quando se tratava de partilhar informações, notícias ou
fosse lá o que fosse.
Abraço, António Mendes.
NOTA: Curvo-me, igualmente, neste momento, perante a
partida, em maio deste ano, do padre Virgílio Ardérius, este com vetusta idade,
um sacerdote sonhador, e a quem a comunicação social da região e a Rádio Sátão
em particular, também, muito ficaram a dever.
Acácio Pinto