Opinião: SCUTs: “Ou pagam todos ou não paga nenhum”, PSD dixit

É exemplar a forma como o PSD se tem vindo a posicionar no debate político, no âmbito das SCUTs. Miguel Relvas disse recentemente que o PSD exige que sejam introduzidas ainda este ano portagens nas sete SCUTs existentes no país e não apenas nas três do Norte Litoral, como o Governo tinha previsto. Isto é “ou pagam todos ou não paga nenhum”, concluiu Miguel Relvas.
Não sei se todos escutaram e ouviram bem. Pelo menos para os lados da distrital do PSD. Sobretudo aqueles que clamam e gritam, aqui em Viseu, contra o Governo por não desenvolver medidas de discriminação positiva para com o interior. Sobretudo aqueles, PSD, que ainda há escassos dias diziam para o PS distrital se juntar a eles no combate contra as portagens: “O mínimo que se espera é que cerrem [PS] fileiras connosco na luta contra as portagens na A25 e A24.”
Mas não será a isenção de portagens nas regiões economicamente mais deprimidas, uma boa medida de discriminação positiva?
Como se sabe, tendo por base as virtualidades dessa evidência, aquilo que o PS sempre disse é que as portagens não deveriam existir enquanto o desenvolvimento socioeconómico da região atravessada não estivesse ao nível da média nacional. Inclusivamente o Governo referiu recentemente que ia avançar para um novo estudo que pudesse aferir, actualmente, esse nível de desenvolvimento.
Mas eis que o PSD vem exigir portagens nas sete SCUTs como condição prévia para se sentar na mesa negocial.
A resposta do Primeiro-Ministro não se fez esperar dizendo que nesses termos não concorda mas que se se isentarem os residentes e as empresas sedeadas nas áreas servidas pelas SCUTs admite a negociação.
Era o mínimo que se poderia dizer. Pelo menos que aqueles que contribuem com o seu esforço contra a desertificação demográfica do interior e que criam emprego que tenham alguma regalia.
Os dados estão lançados. Vamos ver até onde é que este PSD liberal e penalizador das regiões do interior está disposto a ir na sua voracidade de desprezo para com o interior e para com os apoios sociais e territoriais.
Aguardemos também para ver o que têm a dizer, a tudo isto, alguns políticos sociais-democratas locais!