O PSD tem vindo a dar uma imagem de si próprio, nos últimos tempos, que em nada dignifica a vida política e a democracia.
Pode dizer-se que se trata de uma nuvem passageira de um período transitório. O facto é que se atentarmos no que se tem passado nos últimos cinco anos, não restam dúvidas de que o PSD tem sido um foco de constante agitação interna, de uma permanente indefinição estratégica e em que os ataques pessoais e a maledicência interna e externa têm superado os interesses nacionais.
Senão vejamos. Em cinco anos vão ter cinco líderes. Rasgaram os acordos sobre a Justiça e Poder Local. Propuseram que se rasgassem contratos com empresas. Disseram que a Democracia deveria ser interrompida durante seis meses. Aprovaram a lei da rolha no último congresso. Criticaram as autoridades judiciárias. Afirmaram que havia pressão do Governo sobre a Comunicação Social, quando a única pressão que veio à tona foi a do Ministro Morais Sarmento do PSD contra três directores de Jornais. Estão sempre disponíveis, nem que seja por interpostos partidos, para viabilizarem ataques ao carácter do Primeiro-Ministro sem qualquer facto que o sustente. Juntam-se à extrema-esquerda para viabilizar aumento das despesas e redução das receitas do Estado e depois dizem que a dívida externa é elevada. Concordam com o crime de publicação de escutas em segredo de justiça. E até já propuseram a privatização da CGD, da Segurança Social…
Enfim, um inusitado número de propostas contra tudo e a favor de tudo, dependendo, o seu posicionamento, não do interesse nacional, mas das propostas do Governo e do PS.
Que estranho conceito de Democracia e de responsabilidade política, este, do PSD.
E, como se já não bastasse tudo isto, acontece agora que ninguém sabia o que fazer quando estava em causa e em jogo a viabilização do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) que Portugal tem que apresentar em Bruxelas. Cada candidato tinha a sua posição. Era gastronomia política à la carte. Cada um achava uma coisa diferente.
Nem eram sim, nem eram não, nem sequer eram nim.
Continuam, afinal, a ser tudo e o seu oposto.
Convém, porém dizer que sobre o PEC, Durão Barroso bem como muitos outros responsáveis de instâncias europeias e internacionais, já tinham dito que era um documento credível e que deveria merecer o apoio.
Mas será que o PEC não vai exigir responsabilidade e esforço aos portugueses? Claro que vai exigir. E vai sobretudo exigir um maior esforço àqueles que mais podem e que mais recebem, por exemplo, com a criação de um novo escalão de tributação de 45% em seio de IRS.
Igualmente se prevê um retardamento do investimento de algumas obras públicas para que os seus impactos não tenham efeito directo no período de execução do PEC.
Ou seja, o que o Governo e o PS querem é, sem descurar a coesão e solidariedade social, prosseguir uma linha de rigor e de justiça para, até 2013, podermos ter novamente um défice inferior aos 3%.
O que se espera, doravante, e agora que o PSD decidiu abster-se e assim viabilizar o PEC, é uma atitude consequente com a responsabilidade que esse voto exige.