As palavras também morrem. Todos os dias. Em todas as latitudes e meridianos. E há duas, códão e sincelo , que, em Portugal, no Centro e no Norte, estão fortemente ameaçadas. E, assim sendo, estão a caminho do cemitério da nossa memória, onde jazem, já, muitas outras. Vem esta crónica a propósito destes tempos que vivemos, em que o tempo não se consegue acertar com as estações do ano. Em que os equinócios e os solstícios se transfiguraram. Em que os meses de novembro e de dezembro e tantos outros – todos, afinal – mudaram de conteúdo. Se reprogramaram. Na agricultura, no vestuário, no ambiente, ou seja, na vida. Será que alguém nas terras frias portuguesas tem visto o códão? Tem visto a humidade da terra congelada? Gretada e levantada sobre pilaretes de gelo? E se esse facto é uma miragem, para que nos serve a palavra que traduz essa realidade? E, então, como é que poderemos explicar, ‘analogicamente’, o que é o códão? Essa terra que rangia quando era esmagada pelas resis...
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