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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2023

D. Nuno Almeida citou Torga na sua homilia: “Em qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar”

  Iniciou-se hoje na Catedral de Bragança o início do ministério de D. Nuno Almeida , como bispo da diocese de Bragança-Miranda. Na homilia inicial, D. Nuno Almeida , natural do concelho de Sátão, das Pedrosas, perante uma mole que enchia a catedral, e ante a presença de muitas pessoas da sua terra, não deixou de citar “o escritor e poeta transmontano”, como ele lhe chamou, Miguel Torga, num poema cheio de fortes metáforas. De seguida deixamos toda a sua homilia, que retirámos da página do Facebook da Diocese de Bragança-Miranda. «Irmãs e irmãos! 1.Vindos de vários lugares, eis-nos aqui reunidos nesta nova, bela e solene Catedral da Diocese de Bragança-Miranda, guiados pelo Espírito que faz de muitos um só corpo. Uma página do Evangelho maravilhosa e dramática aquela que acabámos de escutar! Num lago que é para a Galileia proporcional ao que é para nós a Albufeira do Azibo ou os Lagos do Sabor, levantou-se uma violenta tempestade, que encheu de água a pequena barca e de m...

Os guardiões dos livros sagrados!

  Também em: Letras e Conteúdos Sempre houve, ao longo dos tempos, guardiões dos saberes, das tradições, dos regulamentos, das teorias e de todas as ritualizações sociais. Eram os guardadores de toda a percuciência e só mesmo eles se achavam capacitados para afirmar qual o último e mais ínfimo pormenor de uma qualquer teoria, como por exemplo, sobre o tom do gorjeio das aves canoras. Eram assim como que uma espécie de indivíduos ungidos pelos óleos sagrados e ineptos eram todos os demais, todos quantos ousassem alvitrar em dissenso. Hoje, tal como ontem, em bicos de pés e ataviados de soberba, continuam por aí aqueles que sobem aos púlpitos dos eventos, crescem para as câmaras, e se pavoneiam ante microfones para perorarem augustas palavras, as únicas, aliás, que são as fidelíssimas reproduções do pensamento mais refinado daquele filósofo, escritor ou artista. Quais apóstolos de uma religião que só eles sabem desvendar, que só eles têm erudição para desnudar perante nós, h...

“A Gente (não) Lê”: um festival literário (im)provável, em Manhouce, com conteúdos deliciosos

  Numa aldeia icónica do concelho de São Pedro do Sul, em Manhouce, situada na serra da Freita, foi delicioso assistir ao festival literário “A Gente (não) Lê”. É bem verdade que só estive presente no domingo, 18 de junho, à tarde, porém chegou para sentir que a literatura e que as palavras dos autores têm mais encanto e mais força ditas naquela terra de tradições e de emoções à flor da pele. Ouvir o Sérgio Sousa Pinto, a Isabela Figueiredo e a Susana Moreira Marques, sentados em fardos de palha, revestidos com mantas tecidas em teares artesanais por mãos calejadas de mulheres serranas, ou sentados diretamente no terreiro, sobre a erva espontânea que a terra dá à luz, liberta-nos de preconceitos estéreis (seja lá o que isso for!) e deixa-nos mais expostos à contaminação pelas palavras que escutamos. Depois foi  LER DEVAGAR  versos, foi ouvir as sonoridades das cordas do cravo e escutar as polifonias doces da Isabel Silvestre e do seu coro, do coro que ela tão bem mold...

Recordar Joaquim da Silva Mendes, a propósito do livro Memórias de Queirã

  Alertado, à posteriori, já depois da cerimónia começar – o que me impediu de estar presente – para o facto de, no âmbito da Feira da Vitela de Lafões, ter decorrido, hoje, a apresentação do livro “Memórias de Queirã”, pelo Grupo de Cavaquinhos e Cantares à Beira, quero, a este propósito, aqui partilhar uma audiência à minha memória. E quem me surge na frente, quem me ocupa o horizonte, quando penso em Queirã? Sim, é Joaquim da Silva Mendes . É o meu colega, o meu amigo, o meu confidente, em tantas noites durienses, é o professor Mendes. Lembro-me bem dele, vejo-o ainda hoje nitidamente, seja em Queirã ou Vouzela, enquanto, presidente da Junta de Freguesia, enquanto autarca, enquanto socialista, sempre solidário, sempre ao lado da sua terra e dos seus conterrâneos. Vejo-o no grupo de cavaquinhos, no trabalho social, na ajuda comunitária, na dinamização, em articulação com a câmara, de várias feiras da vitela de Lafões, na Giesteira, onde sempre fui a seu convite (foto: Feira de ...

“Manhã Submersa” de Vergílio Ferreira: Um mergulho profundo nas vocações dos seminaristas

  As vocações dos seminaristas na primeira metade do século XX, em tudo semelhantes, afinal, às dos tempos seguintes, é o tema central deste livro escrito por Vergílio Ferreira em Évora em março de 1953. É um livro de feições autodiegéticas, narrado na primeira pessoa, em que o Lopes, António dos Santos Lopes, um jovem e pobre seminarista da Beira Alta, é a personagem principal de uma descrição da vida quotidiana passada pelos seminaristas, neste caso, no Seminário do Fundão, nunca referido, mas que está explicitamente à vista do leitor, pelas descrições das localidades (Covilhã) e das serras (Gardunha) envolventes. Com uma vocação forçada pela D. Estefânia, uma senhora rica e temente a Deus e com o beneplácito da sua mãe, que vê neste facto a possibilidade de o seu filho ascender a um estatuto social mais elevado, o Lopes escalpeliza-nos as suas vivências, contradições, medos, pecados e injustiças praticadas pelos padres e prefeitos. Esta é uma narrativa que nos descreve, igua...

Zaatam regressou aos encontros de música popular de Sátão

  Depois de um interregno de quatro anos, forçado pela pandemia, o último tinha sido em 1 de junho de 2019, eis que o grupo musical Zaatam, de Sátão, retomou os seus encontros anuais de música popular. No evento que decorreu no cineteatro de Sátão, participaram, para além do grupo anfitrião, o grupo popular “Os Teimosos” de Monção e a Associação Cultural e Desportiva “Xuntanza” de Tui, Galiza, Espanha. O Zaatam brindou-nos com as suas habituais e sempre agradáveis sonoridades das harmónicas, das cordas e da percussão, onde tão bem se encaixam as vozes, e, como cereja no cimo do bolo, regressou às estreias, desta feita apresentando, em estreia absoluta, a sua última recolha de música popular que pode ver e ouvir AQUI. Os Teimosos de Monção trouxeram música popular, que podemos designar de música ligeira, recuperando e cantando algumas cantigas que fizeram as delícias dos anos 70, de festivais da canção, “Desfolhada”, entre outras. Mas quem haveria de surpreender os presentes...