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Junta de Sátão candidatou o Tojal ao concurso 7 Maravilhas de Portugal – Aldeias autênticas

Através da página do facebook da Freguesia de Sátão acabou de ser divulgado, nesta terça-feira, dia 7 de março, que a Junta de Freguesia de Sátão candidatou a aldeia do Tojal ao concurso 7 Maravilhas de Portugal – Aldeias autênticas.
“Esta candidatura visa a promoção da atividade turística na freguesia, constituindo mais um fator de atração e de dinamização das nossas aldeias”, avança a Freguesia na respetiva página.
Pode ainda ler-se que “o projeto conta com o apoio institucional do Gabinete do Ministro Adjunto, da Secretaria de Estado do Turismo, do Turismo de Portugal, da UMVI – Unidade de Missão para a Valorização do Interior, do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, da Federação Minha Terra, e da Associação Portugal Genial,”
Já quanto ao texto enquadrador e fundamentador desta candidatura e que aí também é apresentado, ele é bem revelador do grande conteúdo patrimonial, histórico, religioso, desta localidade da freguesia mesmo ao lado da vila e que nos mapas do séc. XVII e XVIII o Tojal era mesmo a única localidade assinalada desta área.
Eis o teor integral do texto publicado:
«Candidatura 7 Maravilhas de Portugal – Aldeias
TOJAL – Como um roseiral em Jericó
A aldeia do Tojal, na freguesia e concelho do Sátão, desenvolveu-se à sombra de um convento de freiras da Ordem de S. Domingos, cuja primeira pedra foi lançada em 6 de abril de 1633. O seu fundador, o doutor em cânones Feliciano de Oliva e Sousa, deu ao convento todos os seus bens e a invocação de Nossa Senhora de Oliva, mas o projeto de arquitetura maneirista portuguesa não se realizaria sem dificuldades. O rei Filipe III, ter-lhe-ia dito «Antes vos farei bispo, que permiti-vos o que pedis». Ao que retorquiu o doutor Feliciano «Senhor, de nada desconfio, porque sei que o coração dos reis está nas mãos de Deus».
O certo é que, a escassos três meses da Restauração da independência nacional, deram entrada solene no convento as primeiras religiosas. Oriundas de casa nobres, traziam consigo dotes que contribuíram para o desenvolvimento da localidade, como se constata não só pelas preciosas capelas que possui, mas também pela sua arquitetura civil. Com o advento do liberalismo começaram a faltar os recursos e o convento juntamente com a aldeia entraram em declínio.
O concurso 7 Maravilhas de Portugal – Aldeias poderá servir para chamar a atenção para o valor extraordinário que o Tojal tem, por revelar com que cuidados e com que alto sentido estético se realizavam então obras correntes num recanto da Província. Merece especial atenção a igreja conventual com os retábulos que se integram no estilo joanino e os azulejos polícromos com que estão cobertas as paredes da capela-mor e parte do corpo da igreja. Na porta do sacrário do altar colateral de Nossa Senhora do Rosário uma inscrição latina define o Tojal: “Quasi plantatio rosae in Jericho” (como um roseiral em Jericó).
Por tudo isto, merece bem a pena visitar esta pequena mas bela e graciosa aldeia que a devoção e o bom gosto de um homem fez despontar nas terras do Sátão.
Pelo Sátão!»

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