[opinião] As termas como polos de saúde e de dinamização da economia

Situada na linha da grande falha tectónica Verin-Régua-Penacova, a estância termal de São Pedro do Sul foi, desde sempre, desde os tempos mais remotos, um espaço com aproveitamento medicinal intenso devido às características geotérmicas das suas águas, que brotam a 67,5 graus C.
Este facto, entre muitos outros, fez com as Termas de São Pedro do Sul, ganhassem dimensão e se constituíssem como a estância termal com maior número de aquistas inscritos a nível nacional. Chegou a ter 24.000 aquistas anuais e mesmo agora, com 15.000 em 2013, continua a ser aquela que, de longe, concita o maior interesse por parte dos frequentadores de termas.
Foi no contexto de uma ação sobre o Novo Rumo para a saúde que os deputados do PS se deslocaram a São Pedro do Sul, às Termas, para perceberem junto dos autarcas, da empresa gestora e dos empresários locais, os principais constrangimentos existentes.
E o principal, ficou bem evidenciado por todos, é o facto de as comparticipação da ADSE e do SNS terem terminado, bem como as deduções fiscais ao IRS estarem, igualmente, prejudicadas. Também o turismo de saúde, sénior, promovido pelo Inatel, acabou. Ora, estes factos, no seu conjunto, revelam que a política de restrição seguida fez entrar em défice todo o setor com uma preocupante acumulação de desemprego. Não se esqueça que a Termalistur, empresa gestora das águas termais, chegou a ter 220 pessoas a trabalhar, nos meses de ponta.
Creio que não restam dúvidas que muito haverá a fazer nesta matéria. E não nos podemos resignar, pois a realidade termal é um recurso natural precioso e que pode dar um forte contributo para uma política preventiva de saúde. Daí que os estímulos que se possam efetuar nesta área constituirão, não custos, mas poupança nos orçamentos da saúde curativa, no futuro.
Num momento em que a economia precisa de melhores oportunidades e as pessoas de melhor acessibilidade à saúde, em que mais emprego significa menor atribuição de subsídios e aumento virtuoso da receita por via fiscal; e num momento em que melhor prevenção significa menos episódios agudos, menos urgências, menos medicamentos, menos dias de baixa por doença, é inelutável que o caminho seguido até aqui, pelo governo, foi um erro grosseiro.
É, pois, com a determinação de quem sabe que não está sozinho que me disponibilizo para esta luta em torno da dinamização do termalismo e através dela para a dinamização de todo um vasto conjunto de empresas associadas. E esta luta é tanto mais estimulante para mim porquanto se sabe que as termas se localizam, essencialmente no interior do nosso país, com uma ênfase especial na região de Viseu.
Acácio Pinto
Correio Beirão nº9 de 21.03.2014