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Segundo Rogério Abrantes, encerramento de Finanças é um "ataque cerrado ao interior"

Presidentes de Mortágua, S.C.Dão, C.Sal, Nelas e C.Daire (Diário Viseu)

Autarcas de oito concelhos do distrito de Viseu assinaram, esta quarta-feira, dia 22 de janeiro, uma moção conjunta a contestar o possível encerramento dos serviços de Finanças, que consideram ser "um ataque cerrado" ao interior do país.
"Agora serão as Finanças, possivelmente a seguir as conservatórias e seguidamente fecharão os concelhos. Isto é o caminho final para terminarmos com a maior parte dos concelhos do interior", afirmou aos jornalistas Rogério Abrantes, presidente da Câmara de Carregal do Sal, município onde foi assinado o documento.
A moção transmite a posição dos municípios de Carregal do Sal, Castro Daire, Mortágua, Nelas, Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, Sátão e Vila Nova de Paiva.
Nela, os autarcas defendem que os concelhos do interior do país "não poderão continuar a carregar o fardo pesado da interioridade, situação que poderá ser agravada com o encerramento de serviços de capital importância para o bem-estar das populações, para a coesão territorial e para o tecido económico e social".
Nesse âmbito, consideram que, a confirmar-se o encerramento dos serviços de Finanças, será "um revés e uma discriminação inapropriada da qualificação dos territórios", lembrando que, numa época de dificuldades, "os serviços de proximidade são cada vez mais chamados a intervir".
Os autarcas alertam para as consequências da deslocalização e concentração dos serviços de Finanças em municípios vizinhos, quando não há "uma rede de transportes interconcelhia capaz de responder às suas necessidades básicas".
"Os custos económicos e sociais são incomportáveis para as respetivas comunidades e estas não podem continuar a ser sucessivamente prejudicadas por decisões que afetem a sua coesão e competitividade", acrescentam.
A moção será enviada ao Governo, à Assembleia da República, ao presidente da República e aos grupos parlamentares.
De futuro, os autarcas poderão avançar com outras iniciativas para impedir o encerramento dos serviços.
"Não vamos adiantar mais nada, porque ficamos à espera que o Governo olhe para nós, que nos dê atenção", afirmou Rogério Abrantes.
O autarca sublinhou que, se os autarcas são pessoas que trabalham no interior do país e que têm de enfrentar as populações, o Governo deve ouvi-los "um pouco antes de tomar as decisões".
"Este será o primeiro passo que estamos a dar. Somos pessoas pacíficas e queremos que o Governo nos ouça", referiu, lamentando que já tenham pedido audiências ao ministro das Finanças "há mais de três ou quatro meses" e "nem uma resposta" tenha sido dada.
O Plano de Redução e Melhoria da Administração Central do Estado (PREMAC) prevê o encerramento de 297 serviços de Finanças no país, 17 dos quais no distrito de Viseu.
Na lista estão, além destes oito concelhos, os de Armamar, Cinfães, Oliveira de Frades, Penedono, Resende, S. João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço e Tarouca.
Segundo Rogério Abrantes, "há um movimento idêntico no norte do distrito" a contestar o encerramento dos serviços de Finanças.
"Como as distâncias são grandes, procurámos dividir-nos em dois, apesar de estarmos em consonância com eles. Aquilo que fizermos, eles farão. Aquilo que eles fizerem, nós também faremos", garantiu.
Texto: JN; Fotos: DViseu
JN
DV

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