LUSA - O secretário-geral do PS
afirmou hoje que teve razão quando defendeu que Portugal precisava de mais
tempo para pagar o seu empréstimo à 'troika' e acusou o primeiro-ministro de
ter mudado devido ao fracasso das políticas do Governo.
António
José Seguro falava em conferência de imprensa, na sede nacional do PS, depois
de o ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, ter anunciado que
Portugal iria pedir uma flexibilização das condições de pagamento do empréstimo
da 'troika' (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão
Europeia).
"O
PS teve razão no tempo certo", sustentou António José Seguro, frisando que
os socialistas sempre defenderam que Portugal precisava de mais tempo para
cumprir o memorando, de menos taxas de juro e de mais tempo para pagar a sua
dívida.
"A
realidade e o fracasso da política do Governo obrigaram o primeiro-ministro
[Pedro Passos Coelho] a pedir a renegociação do empréstimo à 'troika', mas sem
ter a coragem de o dizer aos portugueses", acusou o secretário-geral do
PS.
De
acordo com o líder socialista, o primeiro-ministro "sempre rejeitou"
a ideia de Portugal" pedir mais tempo e mais dinheiro, mas no mês de
janeiro ficámos a saber que o país obteve mais 4,2 mil milhões de euros de
empréstimo, sem que [Pedro Passos Coelho] tenha esclarecido onde vai aplicar
esse dinheiro".
"E
ficámos a saber [segunda-feira à noite] que o Governo pediu mais tempo para
pagar a dívida à 'troika'. Sempre que eu e o PS propusemos mais tempo para a
consolidação orçamental, menos taxas de juro e mais tempo para pagar dívidas, o
primeiro-ministro rejeitou, dizendo que o PS estava errado e que isso seria mau
para Portugal", apontou Seguro.
De
acordo com o secretário-geral do PS, a opção do Governo de pedir mais tempo
para pagar o empréstimo da 'troika' "tem um custo, não para o
primeiro-ministro, mas para Portugal e para os portugueses".
"Perdemos
tempo: Hoje temos 883 mil desempregados e, segundo as estatísticas da OCDE,
Portugal foi o segundo país com maior destruição do emprego", disse,
referindo-se também a falências de empresas (aumento de 55 por cento) e a uma
subida do número de famílias insolventes.
"Estamos
numa espiral recessiva. Hoje, uma vez mais, ficou provado que a alternativa
existe e que a estratégia do PS de há mais de um ano revelou-se possível e
necessária para Portugal", acrescentou.