Morreu o João Simão da Silva, o Marco Paulo não morreráenquanto a nossa memória não nos trair.
Alentejano, nascido no Portugal profundo, o João Simão
ganhou notoriedade e foi consagrado como Marco Paulo, seu nome artístico, nos
palcos de um país recém saído de uma ditadura.
Bem o guardo dos finais dos anos 70, quando,
verdadeiramente, Marco Paulo ganhou dimensão nacional. . Bem me lembro de
vender na Feira Franca de São Mateus, em Viseu, no stand da Discoteca Ferrão,
os singles e as cassetes dos seus primeiros grandes êxitos “Ninguém, ninguém” e
“Canção Proibida”.
Bem me lembro da gritaria dos seus fãs quando ele subia aos palcos de um país que se ajustava a um novo regime.
Bem me lembro do sucesso
que foi, logo depois, no início dos anos 80, a canção “Eu tenho dois amores”.
Bem me lembro, também, do microfone a saltitar de mão em
mão.
Bem me lembro, igualmente da sua imagem de marca, o seu cabelo em
carapinha.
Bem me lembro, com certeza, do quanto ele era amado, idolatrado até, por tantas e tantos portugueses.
Bem me lembro, sem dúvida e de igual modo, do olhar desinteressado que sobre ele tinha uma certa elite, que o via apenas como um cantor popular e pimba.
Bem me lembro de todas essas circunstâncias e até de
todas as invejas que os homens e mulheres que quebram a
barreira do anonimato suscitam aos seus semlhantes!
Porém, indiferente a tudo isso e inquebrantável nas suas
convicções e com o Tânatos no seu encalço anos a fio, Marco Paulo prosseguiu, lutou,
pelejou diariamente até que a gadanha o ceifou. Até que o João Simão da Silva
morreu, no dia 24 de outubro deste ano da graça de 2024, com 79 anos de idade.
Todavia, o Marco Paulo e os seus e nossos dois amores,
afinal, todas as suas e nossas canções, essas não morreram, continuam e
perdurarão na memória de todos quantos o respeitavam e respeitam.
Curvo-me!