A História repete-se ciclicamente por mais voltas que se deem e podem ser sempre muitas. Estamos perante uma inexorável fatalidade, mas que nunca se antecipa completamente em todos os seus impactes.
Não há sociólogos, historiadores, filósofos que apreendam e
antecipem na totalidade dos seus efeitos.
Podem mudar as geografias, as nacionalidades, as origens
étnicas ou religiosas, enfim, pode mudar muita coisa, mas os fluxos sociais,
económicos, políticos, ou outros, polarizam-se, sempre, em volta das mesmas
atratividades de base. E as entropias nas comunidades e nos territórios, apesar
de diferentes, tendem sempre a direcionar-se para o caos.
Os políticos do poder, esses, vão resistindo e negando, até
ao limite, as evidências que o povo já sente na pele. E os slogans que vão
debitando e são replicados pelos tifosi, quais megafones ambulantes, vão
amplificando pelas ruas e quarteirões das polis, deixam, paulatinamente, de ser
ouvidos pela turba cada vez mais ruidosa.
O resultado é exatamente aquele que bem conhecemos ao longo
dos tempos. Todos os excessos desaguam numa foz de convulsões e de problemas
graves, porque os governados, exauridos, abraçam efusiva e acriticamente quem
lhes acender uma qualquer luminária de esperança.
E só depois das vivências traumáticas que,
inexplicavelmente, tantas vezes as sociedades sufragam ou cordatamente aceitam,
é que a força de atração começa a deslocar-se, de novo, para o polo inverso,
numa espécie de movimento social perpétuo de vaivém.
É um pouco por tudo isto que Portugal e o Mundo estão nesta
encruzilhada que, não sendo nova, está novamente em cima da mesa!
Muitas vezes, o abismo só se vê quando já não podemos recuar!