Deixo-vos para memória futura a minha intervenção na sessão de apresentação pública da minha candidatura a presidente da federação de Viseu do PS, do mandatário e do coordenador da moção que decorreu no dia 30 de julho de 2014.
Eis a intervenção:
Minhas caras amigas, meus caros
amigos,
Minhas caras e meus caros camaradas,
As primeiras palavras são para
agradecer a todas e todos quantos hoje aqui quiseram estar nesta apresentação
pública de candidatura a presidente da federação de Viseu do PS, uma eleição
que eu decidi disputar num ato de decisão única e exclusivamente pessoal.
Uma eleição que a partir de agora vai
estar nas mãos dos socialistas do distrito de Viseu, pois a eles competirá, em
liberdade, avaliar as candidaturas, avaliar as propostas e decidir
soberanamente.
Quanto à minha candidatura move-me em
primeiro lugar a minha convicção de que reúno boas condições para efetuar,
convosco, um bom trabalho que vise, simultaneamente, fortalecer o PS e o
distrito de Viseu. Uma candidatura que faça dos militantes, de todos os
militantes, o núcleo central da atividade partidária e sem amarras a qualquer
tipo de interesses pessoais ou de grupo. Julgo reunir boas condições para fazer
do PS, um PS unido, um PS coeso, um PS presente em todo o território.
Aliás, dando continuidade ao
trabalho, agora como presidente da federação, que tenho vindo a desenvolver ao
longo dos anos como militante do partido socialista, com uma militância ativa
com mais de 30 anos.
Uma militância que me permitiu
trabalhar com os secretários gerais Mário Soares, Vítor Constâncio, Jorge
Sampaio, António Guterres, Ferro Rodrigues, José Sócrates e António José
Seguro. Uma militância que me permitiu, no distrito, trabalhar com cabeças de
lista às legislativas como Sousa Gomes, Armando Lopes, Raul Junqueiro, Correia
de Campos e José Junqueiro. Só não tendo, mesmo, trabalhado com João Lima e Álvaro
Monteiro, na sua condição também de cabeças de lista do PS pelo círculo de
Viseu, logo após o 25 de abril.
Uma militância que me permitiu trabalhar
em todos os concelhos ao serviço do partido socialista.
É, pois, com as minhas circunstâncias
específicas, matizadas por estes referenciais e embebidas destes valores que eu
aqui estou, hoje e agora.
Aqui estou com esta candidatura sob o
lema "MAIS PS", cujo programa mais detalhado oportunamente
apresentarei.
Permito-me, porém e desde já, deixar
as três principais linhas de orientação, para este curto mandato, de cerca de
um ano, a que me candidato:
i) a primeira no âmbito da
participação dos militantes e do trabalho em rede das estruturas partidárias;
ii) a segunda no âmbito da cidadania
e da interação com os cidadãos do distrito de Viseu;
iii) e a terceira no âmbito das
políticas para o nosso território.
Quanto à primeira, afirmar que o PS é
um partido de militantes e que eles têm que ser chamados, sempre, ao processo
de decisão.
Não queremos processos de decisão e
propostas políticas confinados a colégios eleitorais restritos. A vitalidade
partidária radica, e connosco radicará sempre, na capacidade de envolver os
militantes na formulação das propostas políticas do partido socialista na senda
daqueles que são os seus princípios fundacionais.
Os militantes não são descartáveis
conforme as circunstâncias e não podem ser meros instrumentos ao serviço de um
voto conformista.
Atribuiremos também uma grande
centralidade aos autarcas do PS, presidentes de câmara e eleitos municipais e
aos presidentes de junta e eleitos de freguesia, implementando uma rede de
trabalho entre todos, de forma a trazer ganhos para a sua gestão diária. Os
autarcas são o primeiro rosto do PS no contacto com as populações.
As comunidades intermunicipais
merecerão, igualmente, a nossa atenção de pormenor. É uma nova realidade a
acompanhar em permanência.
E nesta vasta plataforma de trabalho
político atribuiremos, igualmente, grande importância aos deputados do PS na
Assembleia da República, pelas funções em que estão investidos, pois passa por eles
a função legislativa e a de fiscalização da atividade governativa.
Integraremos a JS e o DFMS nas nossas
iniciativas políticas de forma a juntarmos sinergias em prol de um projeto socialista
agregador, mas respeitando a sua autonomia.
Quanto à segunda linha, a da
cidadania, ela terá que ser uma peça central da atividade política e partidária
dos nossos dias. Os partidos têm que, mais do que dar sinais, ter práticas permanentes
de debate e de integração das ideias dos cidadãos.
O PS não pode ser um reduto vedado à
participação das pessoas e das associações cívicas.
Daí defendermos que o PS tem que
fazer dessa prática uma rotina de vida partidária, de forma a dar-lhe
substância. Seja através da participação em processos de escolha de candidatos
a deputados ou de autarcas, seja na realização de fóruns temáticos abertos a
todos os cidadãos, seja na defesa de orçamentos participativos, temos que
integrar esses procedimentos na nossa práxis política.
Há muita vida fora dos partidos e os
partidos têm que sentir e interagir com esse pulsar.
A terceira, a das políticas para o
território, merece-nos um dos olhares mais incisivos, nestes tempos de todos os
saques e ataques ao interior.
Não, não deixaremos de ter uma voz
permanente na defesa de políticas que discriminem positivamente o interior, de
políticas que travem o êxodo populacional que nos assola.
O interior não pode ser um espaço
saudável para vir morrer no final de uma vida de trabalho.
Não, o interior, o nosso distrito,
tem que ser defendido quando estamos a iniciar um novo quadro comunitário,
quando temos mais de 20.000 milhões de euros para gerir até 2020.
Seremos uma voz intransigente na
defesa desta causa, central para a dinamização da economia e para a criação de emprego
no nosso distrito.
Não nos conformaremos com o facto de
metade do PIB total português e 41,5% da população estarem concentrados nas
áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, e em 2,1% do território continental.
Travaremos aqui um grande combate.
Bem conhecemos o quadro orçamental de
rigor em que vivemos, mas não nos renderemos a esta austeridade de via única.
A rodovia Viseu-Coimbra não sairá da
nossa agenda e a ferrovia Aveiro-Viseu-Vilar Formoso será crucial para reforçar
a nossa centralidade e dinamizar o nosso tecido empresarial e a sua
internacionalização.
Teremos igualmente em ponto de mira a
implementação do novo mapa judiciário. Estivemos, estamos e estaremos contra
ele.
A rede de cuidados primários de saúde,
bem como a rede de cuidados hospitalares, que os governos do PS qualificaram,
não podem continuar a ser encaradas como reservas de recursos orçamentais a que
as finanças deitam mão sempre que as suas políticas falham. Por exemplo, até
quando vamos esperar pelo centro de oncologia / radioterapia?
O serviço público de educação, do
pré-escolar ao superior, e a qualificação da sua rede, terá que nos merecer uma
atenção especial sempre com o objetivo da coesão territorial e social, onde a
economia social desempenha um papel crucial.
Minhas caras amigas, meus caros
amigos e camaradas,
Muito mais nos move, porém hoje o
tempo não é de esgotar estes temas. Este é o tempo de partilhar convosco as
linhas orientadoras da moção MAIS PS, que brevemente vos será apresentada.
E assim sendo cumpre-nos terminar.
E as palavras finais são para vos
dizer que não escondo, nunca escondi, as minhas opções atrás de nada ou de
ninguém. Elas são bem conhecidas de todos vós, seja hoje quando decidi apoiar
António Costa, seja ontem quando fiz todas as opções políticas que fiz, e que
nunca me impediram de trabalhar com os líderes eleitos.
E as palavras finais são também para saudar
o ainda presidente da federação João Azevedo, que sempre apoiei e que não se
recandidata, e a segunda para saudar António Borges, o outro candidato, já
assumido, à federação de Viseu do PS.
Já as minhas palavras de
agradecimento, essas, vão de uma forma especial para o mandatário desta
candidatura, vão para Ribeiro de Carvalho, um homem do direito, da justiça, um
homem íntegro, um socialista que me habituei a respeitar ao longo dos anos pela
sua limpidez de raciocínio e pela sua liberdade de avaliação política. Muito
obrigado meu caro Ribeiro de Carvalho.
Vão também para o Rui Santos, o
coordenador da redação da moção, um amigo também de longa data, um fundador do
PS em Viseu, com quem travei duros e difíceis combates, entre outros, em prol
da educação quando ele desempenhou funções de diretor regional de educação do
centro. Muito obrigado Rui Santos pela tua sempre fraterna amizade.
Vão para as palavras do Mauro Pinto e
da Andreia Coelho nesta sessão, eles que desde a primeira hora se envolveram,
conjuntamente com tantas e tantos outros, neste projeto MAIS PS.
Vão para a presidente da concelhia do
PS de Viseu, Adelaide Modesto, ela que quis marcar presença nesta iniciativa
que decorre no seu concelho.
Deixo-vos Torga, como palavras finais:
“O homem não tem caminhos ideais e caminhos de ocasião. O homem tem os caminhos
que anda.”
Pois bem, este é o caminho que decidi
andar. Quero percorrê-lo ao vosso lado.
Obrigado
2014.07.30