O presidente do
Tribunal de Contas, Guilherme de Oliveira Martins, chamou “economistas
visitantes” aos agentes do FMI responsáveis pelo relatório que nos ocupou nos
últimos dias e que nos querem impingir como a penitência para a nossa salvação
eterna, pese embora a evidência de que os “remédios” utilizados até agora por este
governo, nessa linha do “austeritarismo”, falharam redondamente.
Mas vamos a
algumas considerações políticas sobre a substância das coisas.
Em primeiro
lugar, este relatório é uma fraude. E é-o porque, por cobardia política deste
Governo, a sua paternidade é imputada a outros quando na realidade o ADN é de
Passos, Gaspar e Portas. Por outro lado tenta-se ainda imputar para o passado
uma responsabilidade que resulta de uma incompetência orçamental que ocorreu
durante o ano de 2012, todo ele, portanto, da responsabilidade do PSD e do CDS.
Em segundo
lugar, este relatório é uma aldrabice. E é porque não podemos tolerar que as
políticas para Portugal sejam definidas pelos técnicos do FMI, esses
“economistas visitantes”. No nosso país há órgãos de soberania que, esses sim,
têm a incumbência e o mandato para definirem as políticas a aplicar em
Portugal.
Em terceiro
lugar, este relatório é premonitório. E é-o porque evidencia a absoluta
incompetência do Governo, transformando esta coligação num defunto político e,
portanto, prenunciadora de que mais do que não ter mandato para executar os
cortes aí previstos, este Governo deixou de ter condições para encetar qualquer
reforma pois já ninguém lhe credita qualquer capacidade de envolvimento e
mobilização da sociedade para quaisquer reformas.
Estamos,
portanto, perante um Governo que dá aos portugueses, como único horizonte, a
fatalidade e não a esperança, como recentemente disse Francisco Assis.
E quando assim
é, só nos resta dizer que por aí não queremos ir e que por aí não vamos porque
neste relatório, parafraseando Einstein, fala-se de muita coisa que conta, mas
só para financeiros e ultraliberais, mas nada se fala nem nada se diz sobre
aquilo que conta para todos os portugueses.
Se tudo, na vida
e na política, tem um princípio, um meio e um fim, é fundamental aqui dizer que
não queremos continuar no meio quando, verdadeiramente, o fim destas políticas
deveria ter acabado logo a seguir ao princípio.
Acácio Pinto
Jornal do Douro | Notícias de Viseu