Estudos internacionais com base a 2011 (TIMSS e PIRLS) revelam que Portugal estava no bom caminho na educação
Foram ontem divulgados os resultados dos estudos Tendências
Internacionais no Estudo da Matemática e das Ciências (Trends in International
Mathematics and Science Study [TIMSS]) e Progressos no Estudo Internacional de
Leitura e Literacia (Progress in International Reading Literacy Study [PIRLS]),
realizados pela Associação Internacional
para a Avaliação das Realizações Educacionais (International Association for
the Evaluation of Educational Achievement [IEA]). Ambos os estudos foram
realizados por alunos do 4.º ano em matemática e ciências e em leitura,
respetivamente. O TIMSS foi também aplicado a alunos do 8.º ano, mas Portugal
não participou nesta avaliação.
Portugal havia participado no TIMSS em 1995 (não participou
em 1999, 2003, e 2007). Nesse ano, participaram alunos dos 3.º, 4.º, 7.º e 8.º
anos, e ficou sempre na cauda da tabela. Década e meia depois, Portugal
melhorou muito o seu desempenho. Assim, no domínio da matemática, Portugal
ficou em 15.º lugar, entre 50 países. Quando comparados os resultados de 1995 e
2011, Portugal é aquele país, de todos participantes, onde é maior a progressão
dos resultados. E é de realçar que, no universo dos países da UE,
Portugal é o 7.º melhor classificado.
No domínio das ciências, Portugal ficou em 19.º lugar entre
os 50 países participantes. Quando comparados os resultados de 1995 e 2011,
Portugal é o segundo país onde é maior a progressão dos resultados. No conjunto
dos países da União Europeia, Portugal é o 12.º melhor classificado.
Foi a primeira vez que Portugal participou no PIRLS, que
incide sobre a competência de leitura. Portugal ficou em 19.º lugar entre 45
países participantes, e em 8.º se tomarmos em conta os países da União
Europeia.
Estes resultados mostram pelo menos duas coisas:
1) que Portugal fez um trajeto verdadeiramente notável ao
longo deste 15 anos. Da cauda das comparações internacionais, Portugal saltou
para o pelotão dos países que partilham a mesma modernidade política, cultural
e económica, que olham para a educação como instrumento de cidadania e
prosperidade. Com estes resultados, Portugal mostra que deixou de ser o parente
pobre da Europa. O ministério da educação, na nota ontem divulgada, foi incapaz
de elogiar ou reconhecer isto mesmo. O Partido Socialista compreende: o ministro Nuno Crato, que há uns anos denunciava o "desastre do ensino da
matemática" (título de um livro por si organizado) em Portugal, tem
dificuldade em compreender ou aceitar e que os alunos portugueses se mostrem
tão ou mais competentes que os seus colegas alemães, irlandeses ou suecos
(cujas famílias apresentam níveis médios de bem-estar material e níveis de
escolarização bem mais elevados do que as dos estudantes portugueses, que
partem por isso em desvantagem). Tem dificuldade em compreender e aceitar que
os últimos 15 anos tenham sido de notável progresso e não de estagnação ou
retrocesso. Foi assim com os resultados do PISA 2009. É assim agora com os
resultados do TIMMS 2011. Não será assim com os resultados do PIAAC (Programa
para a Avaliação Internacional de Competências dos Adultos) porque, vejam só, o
governo não achou que fosse prioritária a participação de Portugal numa prova
internacional. Já percebemos porquê: o ministro não podia correr o risco que os
prováveis bons resultados dos inquiridos portugueses invalidassem a teoria do
"facilitismo" com que caluniou o Programa Novas Oportunidades.
2) que a introdução do exame do 4º ano estava longe de
ser uma necessidade pedagógica. O ministro Nuno Crato quis dar do ensino básico
um nível de ensino pautado pelo facilitismo e pela incapacidade de avaliar
efetivamente os alunos. Os estudos ontem publicados mostram os progressos
extraordinários que Portugal fez em década e meia, o que deita por terra a sua
teoria de que o exame - que, lembramos, não existe em nenhum país da União
Europeia, à excepção de Malta (que fica sempre atrás de Portugal nestes
estudos, aliás) - era necessário para supostamente salvar as crianças
portuguesas da "pedagogia romântica". O exame - disse o Partido Socialista
em tempo próprio - não será um instrumento de melhoria do ensino, mas um
instrumento de selecção, de triagem de crianças aos 9, 10 anos de idade.
(Nota de imprensa do GPPS)