Paisagem, ou uma coutada de caça,
é como este governo e a maioria do PSD e do CDS veem o interior do nosso país.
Todos conhecemos múltiplos
exemplos. Todos os conhecemos em demasia, para mal dos nossos pecados. E não
conhecemos uma única boa medida, que seja, para ajudar estas dezenas de
milhares de quilómetros quadrados, onde residem portugueses que também pagam os
seus impostos.
Não quero aqui deixar um discurso
piegas, nem as palavras do coitadinho, mas quero, ai isso quero, aqui deixar a
minha clara oposição a esta linha de atuação política.
Aliás, o secretário geral do PS,
António José Seguro, fez e tem vindo a fazer, e bem, esta demonstração de falta
de políticas e de investimento no interior, de que aqui recordo o “roteiro em
defesa do interior” que o levou a todo o país.
Mas este texto vem, hoje, na
sequência de uma reunião que os deputados, de todos os partidos, eleitos pelo
círculo eleitoral de Viseu, efetuaram a semana passada com os presidentes de
câmara do Douro sul, por proposta da respetiva associação de municípios a que
preside António Borges, presidente da Câmara de Resende.
E também aí, de novo, os
problemas surgiram em catadupa da boca de intérpretes de territórios do interior.
Brotaram em cada palavra, em cada frase. E também os gritos de incompreensão e
de indignação.
As propostas e medidas que este
governo tem vindo a lançar para o debate e a tomar não só não merecem a
aprovação de toda uma região, como irão ter uma forte contestação. Democrática,
mas uma forte contestação.
Quem pode explicar às gentes do
interior a extinção dos seus tribunais, elementos estruturantes de uma efetiva
acessibilidade de todos à justiça?
Quem pode perceber a extinção de
freguesias rurais onde o que resta do estado, nesses territórios recônditos, é
a sua freguesia e um presidente que atende e resolve problemas?
Quem pode compreender uma lei dos
compromissos, cega, que nivela por baixo a gestão dos municípios e das
instituições, como se todos fossemos malfeitores?
Quem vai dizer às populações do
distrito de Viseu que as suas acessibilidades estruturantes, internas e
externas, têm que ser embrulhadas nos pacotes de BPN´s de má memória?
Quem está em condições de dizer
aos agricultores do distrito que as suas atividades agrícolas da vinha, da
maçã, da cereja, do azeite, da castanha… não merecem qualquer apoio?
Quem dá uma racional explicação
para a suspensão de todos os concursos do QREN e de todos os processos de
seleção de candidaturas?
Quem quer ir às escolas e aos CNO’s
explicar que o investimento na sua requalificação física e na qualificação dos
portugueses é um mau investimento?
A resposta virá. Estamos fartos
de ser paisagem!