Enquanto o PSD anda entretido com os poderes presidenciais e com um conjunto de propostas de alteração à Constituição alguém tem que trabalhar em prol de Portugal e dos portugueses. Ou seja, a oposição, mas nomeadamente o PSD, anda numa permanente cantoria populista e demagógica, qual cigarra bem cantante, ou não estivéssemos nós na “silly season”.
Mas, como em tudo na vida ou na estória, tem que haver sempre alguém que trabalhe. E não se diga só que é ao Governo que compete fazê-lo. Com certeza que a legitimidade eleitoral, a de ser poder, lhe atribui a execução das políticas do país, mas à oposição a mesma legitimidade, a de ser oposição, lhe confere a superior responsabilidade de cooperação com o Governo na resolução dos graves problemas com que nos confrontamos.
Vem isto a propósito da criação de 300 postos de trabalho na Fábrica da Peugeot/Citroen em Mangualde. E o que temos todos que fazer, é congratularmo-nos com tal desenlace que resulta de um trabalho concreto e objectivo e de parceria entre a administração central, a administração local e o sector privado.
Se a Fábrica tivesse encerrado a que estaríamos neste momento a assistir? O que estaria a fazer a oposição e o PSD, nomeadamente o PSD de Viseu? O que estariam a fazer os responsáveis sociais democratas regionais?
Todos bem sabemos o que fariam. Estariam na primeira fila, num palanque bem visível, não fossem as câmaras televisivas confundi-los com a floresta. Lá estariam a carpir lágrimas de crocodilo. Lá estariam de megafone em punho a acusar os socialistas, o Presidente da Câmara de Mangualde e os governantes. Mas lá estariam sem terem dado um único passo que tivesse permitido a defesa daquela unidade fabril.
Mas como nada disso aconteceu custa-lhes (bem sei que muito) dizer aquilo que é óbvio, mas sem hipocrisia: Que esteve bem o Governo, através do Secretário de Estado da Administração Local, José Junqueiro e através da AICEP e de Basílio Horta ao terem-se deslocado recentemente à unidade de Mangualde; que esteve bem a Câmara de Mangualde e o seu Presidente, João Azevedo, ao ter viabilizado todo o processo de ampliação das instalações; que esteve bem a Administração da PSA ao acreditar nas pessoas que com elas construíram e honraram um compromisso.
Custava pouco e era politicamente sério. A política é uma actividade tanto mais nobre quanto mais os seus agentes se posicionarem de uma forma transparente e clara nos processos. Quanto mais colocarem os nichos de mercado, as corporações e os monopólios em último plano quando estão em causa os superiores interesses nacionais, como é o caso.
Em política não vale tudo e a oposição, nomeadamente o PSD, não se deveriam refugiar no silêncio quando se trata de elogiar este excelente trabalho de parceria levado a cabo e que vai permitir que a partir de Novembro o 3º turno (trabalho contínuo) da Fábrica de Mangualde entre em funcionamento e se passem a produzir mais viaturas destinadas ao mercado externo, destinadas à exportação.