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Viseu: O Emigrante foi recebido com entusiasmo

Numa sessão que teve lugar no dia 20 de dezembro na Biblioteca Municipal de Viseu, às 17 H, a apresentação do último romance de Acácio Pinto, O Emigrante, suscitou uma forte curiosidade dos viseenses.

Com a sala polivalente cheia, coube à diretora da Biblioteca, Anabela Rego, dar as boas vindas aos presentes, enquadrar o evento e fechar a sua breve intervenção com a leitura/declamação do poema de Manuel Freire, “Eles”, que consta da abertura e dedicatória do livro.

Depois foi a vez de José Cesário apresentar a obra. Elogiou o autor, dizendo que era mais um excelente romance, na senda dos anteriores, e referiu que o havia lido numa viagem recente de avião de Timor a Lisboa, numa das suas missões internacionais. Elogiou o romance, falou sobre a temática subjacente ao mesmo, nomeadamente sobre a emigração a salto e sobre as condições de habitação em França dos emigrantes dos anos 60.

Referiu-se ainda ao Portugal rural, à vida difícil no interior e ao êxodo que se viveu nessa década, em que os nossos conterrâneos se viram forçados a emigrar em busca de melhores condições de vida.

Acácio Pinto, que se seguiu, deixou uma saudação ao Presidente da Câmara, João Azevedo, agradecendo-lhe a colaboração do município no evento, bem como agradeceu a José Cesário a disponibilidade para efetuar a apresentação, focando-se, de seguida, no romance que disse ser baseado nas suas memórias de infância e juventude e nas memórias de muitos ex-emigrantes que ouviu e que com ele partilharam as vivências da emigração a salto e da vida em França.

Antes de terminar, o autor coloriu a sua intervenção partilhando com os presentes dois aspetos do romance: um que tinha a ver com uma carta escrita por um padre à personagem principal, onde denunciava a filha daquele, que andava a ler livros proibidos, e outro relativo às declarações que os membros das juntas de freguesia tinham de efetuar renunciando às ideologias comunistas.

Para encerrar a sessão usou da palavra João Azevedo, nesta que foi a sua primeira deslocação, como Presidente da Câmara Municipal, à Biblioteca D. Miguel da Silva. Daí que deixasse palavras de apreço para a diretora e para os escritores e autores, prevalecendo-se para tal da galeria de notáveis que está a decorar a sala. Saudou todos os presentes e o autor, a quem, disse, o liga uma forte amizade.

Falou do papel dos municípios no apoio à cultura e referiu que é crucial que se envidem esforços – autarquias e governo – no sentido de se estreitarem laços com os emigrantes, numa perspetiva bilateral, a vários níveis: social e cultural, mas também económico, particularmente no que concerne ao investimento no nosso país e na região de Viseu.

No final teve lugar a habitual sessão de autógrafos.

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