Na senda das suas obras anteriores, “O Volframista” e “OLeitor de Dicionários”, com este “O Emigrante”, Acácio Pinto afirma-se cada vez mais como um escritor que na sua obra vai recriando todo o espaço geográfico, lexical e cultural de uma certa Beira Alta do séc. XX.
Contudo a sua obra não se restringe ao enunciado acima pois
a mundividência do autor abriu-lhe horizontes bem mais amplos (recorde-se que
Acácio Pinto foi deputado na Assembleia da República e Governador Civil de
Viseu) e o que ele faz é um interessante casamento dessa sua bagagem cultural e
os usos e costumes das mais humildes aldeias beirãs. Paradigmático é o contraste que ele faz
quando se refere, quase em simultâneo, à ida do homem à Lua e a pessoas que
dormiam no sobrado por cima do cortelho dos animais.
Mas este livro também é feito de pormenores deliciosos
resultantes de um olhar atento e perspicaz sobre o mundo que nos rodeia.
Vejamos como descreve o jantar (almoço nos dia de hoje) dos jornaleiros que
andavam “ao dia”:
“Embora a fome apertasse, as garfadas eram lentas. Tal como
no trabalho, também agora no jantar, não havia pressa”.
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Um livro que recomendo!
