Acácio Pinto (AP), traz hoje a terreiro, aqui em Viseu, o seu novo livro, O Emigrante. E o que importa reter desde já, este é o elemento fundamental e funcional da sua obra, é que AP é uma pessoa de bem. Alguém que bebe a utopia, tal qual eu, de que se todos lêssemos o mundo seria bem melhor; alguém que ilumina os lugares escuros da história (escravidão, analfabetismo, emigração, obscurantismo), porque no coração de uma boa utopia, pulsa a esperança.
AP calcorreia o país com esta boa nova, de que ler faz bem à
saúde. Boa nova, porque estes tempos de chumbo planeiam o contrário, tornam-nos
personagens de um filme de Fritz Lang.
A escrita de AP é simples, não simplista. Simples, por dever
de comunicação e pedagogia.
Excelente. Este seu último trabalho fala da emigração, tema
necessário num tempo de amnésia, em que os decisores esquecem que fomos e somos
emigrantes e em que o mundo precisa de se encontrar num humanismo de partilha e
de respeito.
Finalmente, este livro, aliás como o anterior, O Leitor de Dicionários, trata da
questão da ficção.
E estará esta em crise?
A cineasta Bela Tarr, que realizou um filme a partir de um
texto do Nobel László Krasznahorkai (A Melancoliada Resistência), diz: “Nunca
senti que a literatura esteja em crise, sempre senti que nós estamos em crise”.
Se entendermos o que este NÓS significa sociedades humanas e as suas crescentes
invariáveis adversas, desumanas, concluímos da importância destes livros, como
o de AP.
José Lapa, 20.12.2025, in Facebook
