Aqui: Para ler o ATO 1 – Do que fomos, do que somos
Aqui: Para
ler o ATO 2 – Do respeito pelas opções dos outros
Se nas duas crónicas anteriores dei corpo ao quadro de
referências que me enformam e em que me movo, tentarei agora nesta delinear os
aspetos que mais valorizo, no atual contexto, quanto ao nosso futuro. Quanto ao
devir da nossa comunidade. De Portugal.
Não, não tenho a presunção de que este meu olhar seja o único
e o verdadeiro, que seja o melhor referencial para responder aos desafios com
que estamos confrontados. É tão só o meu. Criticável, com certeza.
São múltiplas as borboletas a bater asas no Pacífico!
Sim, são múltiplas.
Sejam as guerras que proliferam. Que germinam por todo o
lado e nos entram pela casa dentro. Que influenciam e nos influenciam no
dia-a-dia.
Sejam os gases. Os de estufa e os outros. Os das alterações
climáticas. As cheias ou as secas que nos matam de excessos outrora improváveis
nestes destinos comuns.
Sejam as terras pisoteadas ou as águas sujas. Destruídas umas
e outras por interesses, quantas vezes indecifráveis, quase sempre sustentados
em nebulosas estratégias que não divisamos.
Sejam os algoritmos que nos obrigam a ver, ouvir e ler
aquilo que os seus ‘donos’ querem. A consumir os produtos da bolha. E que nos
condicionam as opções políticas e de vida.
Sejam as filosofias radicais e radicalizadas. O policiamento
do uso de palavras e expressões banidas dos dicionários do quotidiano…
Quem melhor
responderá aos problemas?
Tendo em conta que, as nossas respostas têm por base um
lastro de referenciais e de traços de caráter, o meu olhar estará focado
naquele que eu entenda que não se amanhe aos ventos de circunstância. Que saiba
ser farol. Independentemente dos discursos bem arranjadinhos e melhor aparelhados.
Não gosto que se (re)negue, taticamente, o ADN político. Que
se plasticizem as palavras. Que se vistam uniformes de conveniência. Bem
engomados e que, qual milagre, se tome a cor dos olhos de cada um.
É que são inúmeros os desafios a que é preciso responder e
para mim o melhor é o que eu considerar ser o mais linear. O menos rebuscado a
falar sobre a melhoria dos serviços públicos. Sobre os que demandam o nosso
país. Sobre as desigualdades. Sobre os ataques à democracia. Ao ambiente. E
sobre aquele que tiver uma ideia mais transparente e fundada sobre a demografia
e o território e sobre o oceano imenso e essa plataforma continental infinda.
Bem sei que todos os candidatos terão respostas. Terão
olhares sobre estes e tantos outros conteúdos. Todos.
Bem sei que não há candidatos puros. Sem alguma maleita. Porém,
dentre os que se perfilam, o meu olhar virar-se-á para o mais genuíno. Para o
que na minha interpretação for melhor garante do quadro constitucional e
institucional. Para o que melhor interpretar o nosso passado, a nossa cultura e
puder ser o melhor garante para o futuro.
Para aquele que eu considere corajoso, na adversidade. Que
tenha o corpo calejado por decisões. Rigorosas. Sem cedências a ventos de
conveniência. Que não vacile ante os engulhos. Que não mude de penteado ante
ondas altaneiras. Que saiba superar as marés baixas. As nuvens negras. Com
erros. Quem os não tem? Mas com a forma e o alcance do seu olhar. Sem filtros. E com a
frontalidade da palavra. Da palavra usada na medida certa.
Não sou contra nenhum. Todos serão, são legítimos. Como legítima será a minha opção que ainda está em construção! Sim, mas já há os excluídos! Aqueles em quem não votarei!
Acácio Pinto, 30 de dezembro de 2025
