Avançar para o conteúdo principal

Casa cheia na apresentação do livro O Leitor de Dicionários

 


Casa cheia na apresentação do livro O Leitor de Dicionários, que teve lugar no passado dia 13 de outubro.

O livro O Leitor de Dicionários, romance de Acácio Pinto, foi o vencedor de 2024 do prémio literário Cónego Albano Martins de Sousa. Este prémio, promovido pela Câmara Municipal de Sátão, que vai na nona edição já havia sido ganho em 2022 pelo mesmo autor, com a obra O Volframista.

A sessão, organizada pela Câmara Municipal e pelo autor, teve lugar no cineteatro municipal de Sátão. A abrir atuou o grupo musical SemGénero, com dois temas dos finais dos anos 60 do século XX, Balada de Outono, de Zeca Afonso e Desfolhada, de Simone de Oliveira. Depois do momento musical inicial intervieram os membros do júri, Carlos Paixão e Helena Castro, para explicarem do porquê de terem escolhido esta obra.

“Um grande final faz um grande livro. Este que hoje apresento é um grande livro”

Depois foi a vez de Ascenso Simões efetuar a intervenção de apresentação da obra. Foi uma intervenção de grande fôlego em que o orador detalhou alguns dos aspetos principais da obra. Focou-se nas possíveis influências literárias do autor e leu três excertos do romance que em sua opinião explicitavam tais conexões. Terminou referindo “um grande final faz um grande livro. Este, o que hoje apresento, é um grande livro que foi cuidadosamente construído por um grande escritor.”

Finalmente intervieram o autor, Acácio Pinto, agradecendo aos presentes e a todos quantos tinham colaborado consigo na melhoria do romance. Não esqueceu de deixar uma palavra de apreço ao grupo musical Sem Género e aos elementos do júri, Helena Castro, Carlos Paixão e Zélia Silva, bem como à câmara pela manutenção deste concurso. A fechar disse a quem o livro era dedicado e explicitou alguns aspetos da obra, nomeadamente quanto à geografia e às personagens. A geografia estende-se de Sátão, a Fornos de Algodres, Tondela, Viseu, Coimbra, Timor e Cinfães. Relativamente às personagens referiu o facto de haver muitas que são factualmente verificáveis e outras, como é o caso da principal, são ficção.

Alexandre Vaz, encerrou este evento dando os parabéns ao autor, saudando todos os presentes e agradecendo ao júri e ao apresentador da obra.

Mensagens populares deste blogue

Sermos David e Rafael, acalma-nos? Não, mas ampara-nos e torna-nos mais humanos!

  As palavras, essas, estão todas ditas. Todas. Mas continua a faltar-nos, a faltar-me, a compreensão. Uma explicação que seja. Só uma, para tão cruel desenlace. Da antiguidade até ao agora, o que é que ainda não foi dito? O que é que falta dizer? Nada e tudo. E aqui continuamos, longe, muito distantes, de encontrar a chave que nos abra a porta deste paradoxo. Bem sei que, quiçá, essa procura é uma impossibilidade. Que não existe qualquer via de acesso aos insondáveis desígnios. Da vida e da morte. Dos tempos de viver e de morrer. Não existe. E quando esses intentos acontecem em idades prematuras? Em idades temporãs? Tenras? Quando os olhos brilham? Quando os sonhos semeados estão a germinar? Aí, tudo colapsa. É a revolta. É o caos. Sermos David e Rafael, nestes tempos cruéis, não nos acalma. Sermos comunidade, não nos sossega. Partilharmos a dor da família, não nos apazigua. Sermos solidários, não nos aquieta. Bem sei que não. Mas, sejamos tudo isso, pois ainda é o q...

JANEIRA: A FAMA QUE VEM DE LONGE!

Agostinho Oliveira, António Oliveira, Agostinho Oliveira. Avô, filho, neto. Três gerações com um mesmo denominador: negócios, empreendedorismo. Avelal, esse, é o lugar da casa comum. O avô, Agostinho Oliveira, conheci-o há mais de meio século, início dos anos 70. Sempre bonacheirão e com uma palavra bem-disposta para todos quantos se lhe dirigiam. Clientes ou meros observadores. Fosse quem fosse. Até para os miúdos, como era o meu caso, ele tinha sempre uma graçola para dizer. Vendia sementes de nabo que levava em sacos de pano para a feira. Para os medir, utilizava umas pequenas caixas cúbicas de madeira. Fossem temporões ou serôdios, sementes de nabo era com ele! Na feira de Aguiar da Beira, montava a sua bancada, que não ocupava mais de um metro quadrado, mesmo ao lado dos relógios, anéis e cordões de ouro do senhor Pereirinha, e com o cruzeiro dos centenários à ilharga. O pai, António Oliveira, conheci-o mais tardiamente. Já nos meus tempos de adolescência, depois da revolu...

Ivon Défayes: partiu um bom gigante.

  Ivon Défayes: um bom gigante!  Conheci-o em finais dos anos oitenta. Alto e espadaúdo. Suíço de gema. Do cantão do Valais. De Leytron.  Professor de profissão, Ivon Défayes era meigo, afável e dado. Deixava sempre à entrada da porta qualquer laivo de superioridade ou de arrogância e gostava de interagir, de comunicar. Gostava de uma boa conversa sobre Portugal e sobre a terra que o recebeu de braços abertos, a pitoresca aldeia do Tojal, que ele adotara também como sua pela união com a Ana. Ivon Défayes era genuinamente bom, um verdadeiro cidadão do mundo, da globalidade, mas sempre um intransigente cultor do respeito pela biodiversidade, pelo ambiente, pelas idiossincrasias locais, que ele pensava e respeitava no seu mais ínfimo pormenor. Bem me lembro, aliás, das especificidades sobre os sons da noite que ele escrutinava, vindos da floresta, da mata dos Penedinhos Brancos – das aves, dos batráquios e dos insetos – em algumas noites de verão, junto ao rio Sátão. B...