Se dúvida eu tivesse de que o César é, sobretudo, um poeta,
ela ter-se-ia dissipado, depois de ler o seu livro de poemas É o tempo…
De facto ele é um poeta, embora nos diga logo a abrir
“procuro poeta”. Mas, verdadeiramente, o que ele procura são palavras feitas
versos. Ele é, afinal, um incansável “procurador” de sons e de tons, dos que
melhor se casem com as fotografias com que ilustra cada poema.
Damos, até, muitas vezes, por nós, a ler os versos das
imagens, dos pormenores mais bucólicos e rurais ou mais urbanos e citadinos e a
visualizar as sombras ou a luz e as cores das aguarelas dos poemas mais
esculpidos ou mais lineares.
O César é assim mesmo. Um teimoso “procurador” de sonhos. Um
permanente “caminhador” em busca da sua utopia, “Pudera eu voar”. Da vida, onde
“Só a verdade é perene!”.
Mesmo em cada “nada” da vida ele procura a vida desse
“nada”. Ele procura-se. Questiona-se. É artífice e artesão dessa partícula, por
mais ínfima que seja. Que amassa e no-la oferta com o seu generoso e tranquilo
olhar. De poeta.
“Quando as folhas,
na velhice,
sentem pesados os dias,
a raiz chama-as…
e rumam às saudades da primavera.
A árvore chora, para que se cumpra o tempo.”
Parabéns César!
Acácio Pinto