Avançar para o conteúdo principal

Deputados do PS questionaram governo sobre falta de médicos no concelho de Cinfães

«Ex.ma senhora presidente da Assembleia da República,
A extensão de saúde de Tendais, concelho de Cinfães, encontra-se há vários meses sem médico de família. Aliás, globalmente, a área do concelho de Cinfães apresenta um elevado défice de médicos de família.
Esta situação tem vindo a merecer uma profunda preocupação dos autarcas locais, das freguesias envolvidas, da câmara e da assembleia municipal, que interpretando os anseios das populações atingidas por esta situação tudo têm feito no sentido de sensibilizar as autoridades de saúde regionais e o próprio ministro da saúde, porém sem qualquer sucesso.
A título de exemplo anexamos dois ofícios da junta de freguesia de Tendais, um de 22 de janeiro e outro de 14 de março, ambos de 2014, dirigidos ao ministro da saúde, mas que não obtiveram qualquer resposta.
Estamos perante uma população profundamente envelhecida, num território de montanha (serra do Montemuro), com os problemas de saúde inerentes a essas faixas etárias, com dificuldades extremas de mobilidade, sem transportes públicos. Com a agravante de muitas pessoas da área de influência da extensão de Tendais estarem a ser confrontadas com a necessidade de pedirem médico de família na sede sob pena de não lhe serem sequer passadas as receitas de que necessitam.
Podemos, pois, dizer que a acessibilidade destas populações ao serviço nacional de saúde está posta em causa há vários meses e, caso nada seja feito, o estado está a abandonar à sua sorte as populações desta área do concelho de Cinfães; cerca de 1700 pessoas dispersas por uma área superior a 70 km 2. E, para além desta área coberta pela extensão de Tendais, assiste-se a uma discriminação negativa neste concelho do distrito de Viseu com uma vasta área serrana.
Face ao que precede os deputados do PS, eleitos pelo círculo eleitoral de Viseu, vêm nos termos constitucionais e regimentais em vigor, solicitar ao ministro da saúde, através de vossa excelência, senhora presidente, resposta às seguintes questões:
1. Sendo o ministro da saúde conhecedor da situação supra exposta, pelo menos pelos ofícios da junta de freguesia de Tendais, que diligências efetuou para suprir a falta de médico na extensão de saúde de Tendais?
2. Qual o plano do ministério da saúde para colmatar o défice de médicos de família que existem no concelho de Cinfães?

Palácio de São Bento, 3 de julho de 2014
Os deputados do PS
Acácio Pinto | José Junqueiro | Elza Pais»

OFÍCIOS DA JUNTA

Mensagens populares deste blogue

Sermos David e Rafael, acalma-nos? Não, mas ampara-nos e torna-nos mais humanos!

  As palavras, essas, estão todas ditas. Todas. Mas continua a faltar-nos, a faltar-me, a compreensão. Uma explicação que seja. Só uma, para tão cruel desenlace. Da antiguidade até ao agora, o que é que ainda não foi dito? O que é que falta dizer? Nada e tudo. E aqui continuamos, longe, muito distantes, de encontrar a chave que nos abra a porta deste paradoxo. Bem sei que, quiçá, essa procura é uma impossibilidade. Que não existe qualquer via de acesso aos insondáveis desígnios. Da vida e da morte. Dos tempos de viver e de morrer. Não existe. E quando esses intentos acontecem em idades prematuras? Em idades temporãs? Tenras? Quando os olhos brilham? Quando os sonhos semeados estão a germinar? Aí, tudo colapsa. É a revolta. É o caos. Sermos David e Rafael, nestes tempos cruéis, não nos acalma. Sermos comunidade, não nos sossega. Partilharmos a dor da família, não nos apazigua. Sermos solidários, não nos aquieta. Bem sei que não. Mas, sejamos tudo isso, pois ainda é o q...

JANEIRA: A FAMA QUE VEM DE LONGE!

Agostinho Oliveira, António Oliveira, Agostinho Oliveira. Avô, filho, neto. Três gerações com um mesmo denominador: negócios, empreendedorismo. Avelal, esse, é o lugar da casa comum. O avô, Agostinho Oliveira, conheci-o há mais de meio século, início dos anos 70. Sempre bonacheirão e com uma palavra bem-disposta para todos quantos se lhe dirigiam. Clientes ou meros observadores. Fosse quem fosse. Até para os miúdos, como era o meu caso, ele tinha sempre uma graçola para dizer. Vendia sementes de nabo que levava em sacos de pano para a feira. Para os medir, utilizava umas pequenas caixas cúbicas de madeira. Fossem temporões ou serôdios, sementes de nabo era com ele! Na feira de Aguiar da Beira, montava a sua bancada, que não ocupava mais de um metro quadrado, mesmo ao lado dos relógios, anéis e cordões de ouro do senhor Pereirinha, e com o cruzeiro dos centenários à ilharga. O pai, António Oliveira, conheci-o mais tardiamente. Já nos meus tempos de adolescência, depois da revolu...

Ivon Défayes: partiu um bom gigante.

  Ivon Défayes: um bom gigante!  Conheci-o em finais dos anos oitenta. Alto e espadaúdo. Suíço de gema. Do cantão do Valais. De Leytron.  Professor de profissão, Ivon Défayes era meigo, afável e dado. Deixava sempre à entrada da porta qualquer laivo de superioridade ou de arrogância e gostava de interagir, de comunicar. Gostava de uma boa conversa sobre Portugal e sobre a terra que o recebeu de braços abertos, a pitoresca aldeia do Tojal, que ele adotara também como sua pela união com a Ana. Ivon Défayes era genuinamente bom, um verdadeiro cidadão do mundo, da globalidade, mas sempre um intransigente cultor do respeito pela biodiversidade, pelo ambiente, pelas idiossincrasias locais, que ele pensava e respeitava no seu mais ínfimo pormenor. Bem me lembro, aliás, das especificidades sobre os sons da noite que ele escrutinava, vindos da floresta, da mata dos Penedinhos Brancos – das aves, dos batráquios e dos insetos – em algumas noites de verão, junto ao rio Sátão. B...