Durante as jornadas parlamentares realizadas na Nazaré, nos
dia 24 e 25 de fevereiro, pediram-me um breve depoimento sobre estes quase três
anos de Nuno Crato à frente dos destinos do ministério da educação.
Aqui fica o meu olhar sintético sobre estes tempos em que a
formação e a qualificação dos portugueses sofreram um forte ataque ideológico
na linha do "back to basics".
Principais tópicos que abordei:
- marcada opção ideológica de ataque ao serviço nacional de
educação e à escola pública;
- a escola pública tornou-se elitista, menos inclusiva e
nada amiga da igualdade de oportunidades;
- uma deriva em torno da privatização da educação e do
cheque ensino, em nome de uma liberdade de escolha que o não é;
- aumentou-se o número de alunos por turma;
- estreitou-se o currículo;
- assistimos a cortes inadmissíveis nos recursos para a
educação especial;
- efetuaram-se alterações dos programas e definiram-se metas
em contraciclo com os estudos internacionais como o demonstram os bons
resultados PISA dos últimos anos;
- completo desinvestimento na qualificação dos adultos.
Acabaram, há dois anos, com os CNO que ainda não substituíram por nada;
- os professores que têm também sido um alvo apetecível
deste ministério ao obrigar os docentes contratados a uma prova de avaliação
inútil e indigna;
- o desemprego docente aumentou, a precariedade agravou-se;
- no superior e na ciência a situação é caótica;
- as universidades e os politécnicos não são respeitados
pela tutela e os orçamentos são insuficientes para os compromissos normais;
- a ação social escolar não deu respostas a milhares de
alunos que tiveram que abandonar os seus cursos;
- o sistema científico vive tempos dramáticos com
monstruosos cortes efetuados no número de bolsas de doutoramento e de
pós-doutoramento;
- em síntese, a educação e a qualificação dos portugueses,
de todos, deixou de ser uma causa para este governo.