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Os
resultados PISA 2012, que avaliam o desempenho dos alunos a matemática, leitura
e ciências, divulgados recentemente pela OCDE evidenciam que estavam
profundamente enganados todos quantos desvalorizaram os bons resultados
atingidos por Portugal no PISA 2009.
Portanto há,
desde já, uma primeira conclusão a retirar, é a de que Portugal estava desde
2003 no bom caminho e que a estabilização global dos resultados em 2012, quando
a média da OCDE baixa, é um dado positivo que registamos.
Há, porém,
uma outra conclusão que importa ressaltar, e esta de grande preocupação, tem a
ver com as atuais políticas e decisões do ministério da educação e ciência, de
desinvestimento na escola pública e de absurdas mudanças nas várias vertentes
do sistema educativo (estrutura curricular, programas, turmas e professores),
sem qualquer sustentação objetiva, como se vê, por estes dados.
É que Portugal,
numa análise longa, é dos países que apresentou taxas anualizadas globalmente mais
positivas, de que se destaca a matemática e, pelo contrário, aqueles países que
tanto inspiram as políticas de Nuno Crato, os países do cheque-ensino, da
liberdade de escolha, foram os que mais caíram, nesta análise longa, também a
matemática, como é o caso da Suécia. Aliás, a OCDE atribui muito desta evolução
portuguesa a matemática às alterações programáticas de 2007 que agora Nuno
Crato alterou com a oposição generalizada da comunidade científica e das
associações de professores de matemática.
Assim sendo
uma questão se coloca: Quais os motivos, afinal, que não os resultados do PISA,
que levam o governo a querer copiar esses tais exemplos de ‘sucesso’, mas de
sucesso negativo?
Só uma
obsessão ideológica! Uma questão de fé!
Tínhamos um
rumo, tínhamos a educação como uma prioridade, como uma área central no
processo de desenvolvimento do nosso país e agora o que temos é uma escola
pública pobre, elitista e instabilizada.
Importa
igualmente referenciar que a própria OCDE, no seu relatório, enfatiza
claramente os resultados de Portugal, incluindo o nosso país no lote daqueles
que alcançaram uma evolução mais positiva.
Começa a
ficar bem evidenciado que Nuno Crato e o governo estão sozinhos, fazem opções
meramente ideológicas e sempre ao arrepio das linhas apontadas pelas
organizações e pelos estudos internacionais.
Em suma: se
há um claro sinal a reter dos estudos PISA, corroborados pelos TIMMS e PIRLS em
2011, é o de que o caminho positivo que trilhámos está profundamente ameaçado
pelas políticas deste governo, importando, portanto, que a comunidade educativa
e a sociedade portuguesa em geral se envolvam neste debate no sentido de
repensarem as políticas educativas mais recentes, meramente ideológicas, de
Nuno Crato e do governo, pois os sinais não prenunciam nada de bom.
Acácio Pinto