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Filme "Até amanhã, camaradas" teve antestreia na Assembleia da República

Valeram a pena as três horas do filme "Até amanhã, camaradas" com que Joaquim Leitão, o realizador, nos brindou na antestreia que teve lugar no dia 5 de novembro no salão nobre da Assembleia da República.
É um filme baseado no romance homónimo de Manuel Tiago, pseudónimo de Álvaro Cunhal, e insere-se nas comemorações do centenário do nascimento do antigo líder do PCP, nascido no dia 10 de novembro de 1913.
O filme traz-nos a vida do PCP nos anos 40 e 50 do século XX e deixa-nos recortes da clandestinidade e das lutas populares contra o regime que tiveram, nessa época, lugar nos campos e nas fábricas. Mostra-nos a organização, a disciplina, a discussão e sobretudo a determinação de um punhado de homens e mulheres.
Não deixa também de ser uma história de amor, de sonho, de aventura e de uma luta contra a ditadura, em Portugal, mas que poderia ter sido num qualquer outro território sob o jugo de regimes opressivos.
Numa sala completamente cheia, estiveram presentes todos os obreiros do filme, muitos deputados, entre eles o secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, admiradores de Álvaro Cunhal e, seguramente, muitos cinéfilos que não quiseram perder o simbolismo desta antestreia na casa da democracia.
Na ausência da presidente, Assunção Esteves, que se encontra no estrangeiro, coube ao deputado António Filipe, vice-presidente da AR, fazer, de uma forma visivelmente sensibilizada, as honras da casa.
Parabéns ao Joaquim Leitão e sua equipa, pelo filme, e ao PCP pelas comemorações do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal.
Lá estive.

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