Foi
recentemente apresentado, e está em debate na assembleia da república, o
orçamento de estado para 2014. Porém, nada contém de orçamento e tudo tem de tortura
e de tormento para Portugal e para os portugueses.
Tudo o que
nos apresentam é o inverso daquilo que nos prometeram e todos os aumentos de
impostos e cortes em pensões e vencimentos que já fizemos foram diretamente
para o caixote do lixo, pois estamos pior do que estávamos.
É, pois, um
orçamento ferido de morte, tal qual está a credibilidade deste governo.
Prometeram
consolidação orçamental, prometeram menos défice e menos dívida, mas afinal o
que temos é um país atolado e em desespero. A dívida é das maiores da Europa, o
défice não obedece ao governo e a única consolidação visível é a da
desesperança, do desemprego e da emigração.
E dizer que
urge mudar de rumo já não é uma mera opinião, é uma evidência aos olhos de
todos os portugueses, com exceção dos inquilinos de um edifício na rua Gomes
Teixeira e do inquilino do palácio de Belém.
É que,
entendamo-nos, temos uma dívida pública que não deixa de subir, com um desvio
de 5.000 milhões de euros e com mais 54.000 desempregados do que nos era
prometido há um ano atrás.
E a acrescer
a tudo isto trazem-nos para 2014 mais, quase, 4.000 milhões de austeridade,
através de cortes nos rendimentos dos pensionistas e dos funcionários públicos
o que quer dizer que as famílias ficarão no final do mês com menos rendimentos
e cada vez mais, muitas delas, com saldo negativo, sendo as consequências e os
reflexos péssimos, desde logo para as contas do estado, pela via das políticas
sociais, e para a economia.
Lembram-se
daquilo que disse Passos Coelho em 2011 sobre as possibilidades de cortes nas
pensões e nos subsídios dos funcionários públicos? Eu recordo: não pode o
estado apropriar-se daquilo que não é seu [reformas e pensões]; nós nunca
falámos nisso e cortar nos subsídios é um disparate.
Pois bem,
aqui chegados estamos confrontados com governantes descredibilizados e que
consideram os portugueses não como ativos, não como a sua maior riqueza, mas
que os desprezam como mera “despesa do estado”.
Mas não
falam do prejuízo da crise “irrevogável” do verão, nem dos negócios
intermináveis das privatizações, nem das injeções de capital em bancos do
“sistema laranja”.
E aí sim,
era aí que se deveria levar até às últimas consequências a responsabilização de
uns quantos “inimputáveis políticos” que se preparam até para nos roer os
ossos.
Não, por aí não vamos e nunca haverá nenhum governo que domestique a nossa indignação!
Não, por aí não vamos e nunca haverá nenhum governo que domestique a nossa indignação!
Acácio Pinto
Diário de Viseu