Cumpridos que estão dois anos
sobre a vitória do PSD e sobre a consequente coligação governativa que se lhe
seguiu importa efetuar uma, ainda que breve, reflexão sobre a atual situação de
Portugal.
Pois bem, o nosso ponto de
partida era difícil, nesses primeiros meses de 2011, em resultado de um negro quadro
financeiro internacional que envolvia, sobremaneira, a Europa. Um quadro que
teve várias medidas de ajustamento efetuadas pelo governo minoritário do PS em
2010 e em 2011, todas levadas a cabo sob forte contestação de toda a oposição,
com enfoque para os partidos de direita, PSD e CDS. Diziam que o problema era
meramente interno, que tudo se resolveria com uma simples mudança de governo,
que a resolução do problema não passava pelo aumento de impostos nem por mais
austeridade.
Em benefício do que afirmo cito
Passos Coelho em 2010 e 2011: “O que o país precisa, para superar esta situação
de dificuldade, não é de mais austeridade”; “Acabar com o 13º mês é um
disparate”; “Nós não podemos aumentar as receitas aumentando mais os impostos”;
“Não contarão connosco para mais ataques à classe média”.
E Cavaco Silva em 9 de março de
2011: “Precisamos de um combate firme às desigualdades e à pobreza que corroem
a nossa unidade como povo. Há limites para os sacrifícios que se podem exigir
ao comum dos cidadãos”; “A pessoa humana tem de estar no centro da ação
política. Os Portugueses não são uma estatística abstrata”.
E Paulo Portas em 24 de março de
2011: “Tenho que vos dizer isto com toda a franqueza: subir impostos é aumentar
a recessão”.
Depois desta breve recordatória
importa deixar alguns dos dados mais relevantes da nossa situação económica e
social atual: i) desemprego é 17,8%, era 12,5%; ii) desemprego jovem é de
42,1%, era de 27%; iii) desempregados sem qualquer tipo de subsídio de desemprego
aumentaram mais 77.322; iv) casais em que ambos os cônjuges estão desempregados
aumentaram para o triplo, sendo hoje 13.176 no total; v) dívida pública era de
94% do PIB (dezembro de 2010) passou para 123,6% (final de 2012) e já chega
neste momento a cerca de 130% do PIB.
Não restam, portanto, mais palavras
que não sejam as de uma forte deriva de incompetência técnica e política, ou
seja, de uma governação politicamente dolosa face a tudo quanto foi dito e
contratualizado com os portugueses, pelos partidos de direita, em junho de 2011.
Acácio Pinto
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