Pedro Passos Coelho disse, recentemente, que temos que nos
habituar a este nível de desemprego quando há um ano atrás dizia o oposto. A um
desemprego de mais de 15%, segundo os últimos dados estatísticos e que não
ficará por aqui a fazer fé na política irresponsável, sim irresponsável, deste
governo comandado a partir de Berlim, sob a batuta dos maestros dos mercados financeiros.
A austeridade virou a ideologia, o aumento de impostos virou
a praxis política.
E só há uma lição a tirar desta dura realidade social em que
nos encontramos: é a de que este modelo está errado e não resulta. Não é bom
para o Estado, nem para as empresas, nem para as pessoas.
E pior do que não
querer admitir é não querer olhar e ver o erro. É que os factos são quotidianos
e envolvem-nos a todos: insolvências de empresas; entrega de casas à banca;
estudantes do superior que abandonam os estudos; alunos que chegam à escola sem
pequeno almoço; jovens desempregados…
Tudo exemplos de um modelo que fracassa em cada dia que
passa.
Mas o mais dramático de tudo isto é o convívio paredes meias
com a opulência e com a condescendência do governo para com as mordomias
resultantes de recentes nomeações para a EDP, Águas de Portugal, CGD,
assessorias do governo…
Por outro lado somos confrontados, o que não se compreende,
ninguém compreende, com lucros de uma empresa como a Galp superiores no primeiro
trimestre de 2012 relativamente aos do primeiro trimestre de 2011 quando, como
todos bem sabemos, a economia regrediu. Ou seja, o consumo de combustíveis é
menor do que no ano anterior mas o lucro da empresa é maior, ante a passividade
do primeiro ministro e do governo que, pasme-se, na oposição dizia que tinha
que se baixar o imposto sobre os combustíveis e que agora, no poder, diz que
nada pode fazer. Elucidativo como se vê.
Em suma, Passos Coelho é o novo Frei Tomás: não faz o que
disse na oposição e infelizmente para Portugal e para os portugueses todos sentimos
e conhecemos o que ele faz.
(Jornal do Douro 2012.05.10)