Ciclismo: um dos mais fortes elementos da festa e feira anual de Avelal

1. O ciclismo é, quiçá, dos deportos que mais multidões arrasta para as estradas. Sobretudo para as estradas de montanha, sinuosas e íngremes, em que o esforço do homem, do ciclista, mais é submetido aos limites do absoluto. Em que a valentia tem que se transcender e em que cada quilómetro é, quantas vezes, feito sob o rilhar rijo de dentes à beira do precipício do estertor.
E como se não bastasse, como se não fosse já de si hercúleo esse ato de bravura estreme que é o ciclismo, ainda se acrescenta a torridez estival de julho, agosto e setembro, à competição, como suprema forma de diferenciar, de distinguir aqueles, poucos, predestinados para se digladiarem de igual para igual, curva acima, onde a lei é ditada, não pela manha ou artimanha, mas sim pela robustez e pelo vigor dos atletas em presença.
Conquistar o cume mais alto, a montanha mais íngreme, é sempre o ponto, o cerne, o âmago que faz com que cada ciclista se supere e suplante todas as adversidades.
É por isso que existiram homens, quais mitos, que se alimentaram do suor que lhes caía das têmperas e do sangue que tantas vezes lhes jorrava dos braços e das pernas após uma curva mal projetada.
Foi assim com todos esses, afinal, que ontem se tornaram lendas para hoje e assim será com estes, de hoje, que serão os heróis de um tão próximo amanhã.
Quem, da minha geração, não recorda Agostinho, esse gigante português que silenciou a Europa, no Alpe d’Huez, em França, ou em Cangas de Oniz, nos Picos da Europa, em Espanha? Quem não se lembra do belga Eddy Merckx, o ciclista “canibal”, tal o número de vitórias conseguidas? Ou de Pantani, Indurain, Hinault?...
2. Vem o que precede, a propósito da prova de ciclismo de Avelal que neste sábado, dia 3 de setembro, percorreu as estradas do concelho de Sátão e que vai na sua 35ª edição. E manter esta modalidade, teimosamente (e ainda bem, dizemos nós), no cartaz da festa e feira anual revela bem a abnegação e o espirito lutador destas gentes de Avelal, quando toca a dar dimensão e grandeza à sua terra e a prosseguir os ideais dos que os antecederam.
Habituei-me a ir à festa e à feira anual de Avelal, desde miúdo, a pé, eu que vivia em Rãs, e desse hábito antigo guardo o ciclismo, nas suas várias configurações da prova, como uma das marcas mais identitárias deste evento que acontece anualmente no primeiro fim de semana de setembro.
Parabéns ao Avelal!