[opinião] PARA QUANDO, “MUSEU NACIONAL DE GRÃO VASCO”?
O museu Grão
Vasco é um dos ícones culturais maiores da cidade de Viseu, da região e do
país, cuja criação remonta a 16 de março de 1916.
Ancorado no
pintor quinhentista Vasco Fernandes, o Museu Grão Vasco tem desempenhado a sua
relevante missão a partir do intenso dinamismo dos seus dirigentes, dos seus colaboradores
e dos seus amigos, de ontem e de hoje.
O seu acervo
artístico de excelência, matriz primeira para o seu estatuto museológico, é
diversificado, mas é, de facto, a sua coleção de pintura que lhe confere um
estatuto maior, sendo mesmo considerada uma das mais relevantes coleções dos
designados “primitivos” pintores portugueses, se excluirmos o acervo do Museu
Nacional de Arte Antiga. E dentre este acervo sobressai de forma incontornável
esse quadro sublime, São Pedro, de Grão Vasco.
Merece ainda uma
especial referência o facto de muitos dos bens do Museu Grão Vasco serem
efetivos “tesouros nacionais”, ao estarem classificados pela legislação
portuguesa como “bens de interesse nacional”.
Importa ainda
enfatizar o facto de o Museu Grão Vasco ser o museu diretamente dependente do
Estado Português que, depois dos grandes museus nacionais, mais visitantes tem
conseguido atrair fora da capital, o que dá bem conta da importância, relevo e
visibilidade desta instituição museológica.
Aquilino
Ribeiro, esse mago da literatura portuguesa, escreveu em 1937 e cito: “O que é o Museu Grão Vasco? O Museu Grão
Vasco não é Viseu; não é a Beira. É Portugal. Mais que Portugal é o mundo, pois
que a arte tem feição ecuménica. Regional é-o apenas no rótulo que oficialmente
lhe deram”.
Foi, pois,
partindo destas palavras de Aquilino Ribeiro que questionei recentemente o
secretário de estado da cultura sobre a disponibilidade do governo para
classificar o museu Grão como museu nacional de Grão Vasco, dando-se assim
corpo à vontade da comunidade local e regional que o atual diretor do museu expressou
à tutela, há alguns meses atrás.
Esta classificação era, do nosso ponto de vista, uma mais-valia para o museu e para a região mas também para o conjunto dos museus nacionais que veriam, assim, juntar-se-lhes um museu centenário e detentor de um ímpar espólio museológico.
Esta classificação era, do nosso ponto de vista, uma mais-valia para o museu e para a região mas também para o conjunto dos museus nacionais que veriam, assim, juntar-se-lhes um museu centenário e detentor de um ímpar espólio museológico.
Acácio Pinto
Diário de Viseu