[opinião] José Leite de Vasconcelos: peregrinador do saber!
No âmbito das comemorações do 120.º aniversário da Fundação
do Museu Nacional de Arqueologia, a Assembleia da República inaugurou em dezembro
a exposição "José Leite de Vasconcelos: Vida e Obra". Simultaneamente
decorreram um conjunto de conferências alusivas às suas diversas facetas: homem
de cultura; museólogo, arqueólogo, etnólogo e peregrinador do saber.
Homem multifacetado, José Leite de Vasconcelos nasceu em
1858 em Ucanha, no concelho de Tarouca, e morreu em 1941.
Considerado por muitos como o pai da filologia portuguesa,
Leite de Vasconcelos, ele que era formado em medicina, atividade que exerceu
durante um escasso tempo da sua vida, era um incansável descobridor da alma do
povo português e tinha até, nas palavras de Luís Fagundes Duarte, “o sonho
romântico de escrever a história do povo português”.
Na última conferência realizada no dia 25 de março na
Assembleia da República, encerrando-se assim este ciclo em torno de José Leite
de Vasconcelos, a faceta que foi trazida aos presentes foi a do “peregrinador
do saber” em que intervieram, com duas magníficas conferências, o filólogo e
atual secretário regional da educação, ciência e cultura dos Açores, Luís
Fagundes Duarte e António Valdemar, jornalista, investigador e sobretudo um
homem de cultura.
Fagundes Duarte falou mais na vertente filológica e
apresentou duas cartas escritas por Leite de Vasconcelos, para contextualizar a
sua dedicação e trabalho de pormenor e rigoroso que imprimia à sua atividade,
mas sobretudo para nos falar de uma viagem que um conjunto de intelectuais do
continente efetuou em 1924 ao arquipélago dos Açores com a finalidade de o
conhecerem e a partir daí poderem escrever, nos jornais do continente, sobre a
realidade insular. Foi uma viagem que permitiu a Leite Vasconcelos fazer uma conferência
na Academia de ciências de Lisboa de que resultou o livro “Mês de sonho”
alusivo à viagem, livro que ainda hoje constitui uma excelente “pintura” do
arquipélago e que vai ser alvo de uma nova reedição.
Já António Valdemar fixou-se nos detalhes de Leite de
Vasconcelos em Lisboa e no Porto e na interação, profunda, que ele teve com os
seus contemporâneos. Falou de Aquilino e de várias das suas obras, de Araújo
Correia, de Miguel Torga e de Teixeira de Pascoaes, entre tantos outros
escritores e homens de cultura da época.
Se aqui trouxe, hoje, Leite de Vasconcelos, um homem do nosso distrito, foi para o evocar mas também para dizer que a busca pelo saber nos deve interpelar e mover sempre. Só assim o mundo pula e avança.
Se aqui trouxe, hoje, Leite de Vasconcelos, um homem do nosso distrito, foi para o evocar mas também para dizer que a busca pelo saber nos deve interpelar e mover sempre. Só assim o mundo pula e avança.
Acácio Pinto
Correio Beirão nº10, de 28.03.2014