[opinião] As eleições autárquicas e a criação de emprego


A maior chaga com que se confrontam os portugueses é a do desemprego. É uma situação que atravessa todas as faixas etárias e que não discrimina em função das habilitações académicas ou profissionais. Todos são abrangidos e, provavelmente, não haverá nenhuma família imune a este drama que, em muitos casos, cada vez mais, abrange mais do que um elemento do agregado familiar.
É um gravíssimo problema social a que o governo teima em não dar resposta e que o tempo, só por si, como se vê, não resolve, antes agrava.
E se é verdade que o problema do desemprego afeta todo o território nacional, analisemos, neste caso, a realidade com que nos confrontamos na nossa região volvidos que são 22 meses de governação, do PSD e do CDS, liderada por Passos Coelho que recrutou, precisamente em Viseu, alguns dos governantes que tiveram e têm nas suas mãos a gestão desta matéria quer a montante quer a jusante.
Falo naturalmente da equipa do ministério da economia. De Álvaro dos Santos Pereira, ainda ministro, e de Almeida Henriques, secretário de estado da economia, até há um mês atrás, donde saiu de forma atribulada para se candidatar à câmara de Viseu.
Pois bem, não fizeram o trabalho que lhes estava confiado como missão. Nem a montante, dinamização da economia através de incentivos às empresas em geral e às do interior em particular, nem a jusante, através da criação de políticas ativas de emprego que abrissem oportunidades de trabalho para os milhares de inscritos nos centros de emprego.
Por exemplo, no distrito de Viseu tínhamos, em abril de 2013, 25.630 inscritos nos centros de emprego o que representa um crescimento relativamente a mês homólogo de 3206 desempregados inscritos, sendo que o maior aumento de desemprego vai para as faixas mais jovens, com agravamento para os licenciados. Já a nível de distribuição geográfica o desemprego concentra-se, sobretudo, nos concelhos de Viseu e de Lamego que, por si só, representam 38% do desemprego em todo o distrito, respetivamente, com 6509 e 3217 desempregados.
E se esta é a triste realidade, qual deverá, terá que ser, o objetivo central de todos quantos vão a votos nas próximas autárquicas?
Só poderá ser o estudo das realidades locais e a definição de programas específicos, caso a caso, que criem dinâmicas concretas de criação de emprego nos seus concelhos.
Tenho é grandes dúvidas que aqueles que nada fizeram, nestes últimos 22 meses, quando estavam investidos em tarefas governativas, ou aqueles que querem ser localmente os intérpretes das políticas do governo, tenham capacidade para dedicar a esta ciclópica tarefa a atenção e o empenhamento necessários.
Acácio Pinto
Notícias de Viseu | Diário de Viseu