[opinião] Sim, estamos a exportar, mas é, mais ouro das famílias!


Foto: lisboacity.olx.pt
É verdade. A balança comercial está a ser favorável a Portugal. Estamos a exportar mais do que aquilo que importamos. E este é um dado que os governantes e os seus “retransmissores” de serviço se encarregam de divulgar como sendo o “alfa e o ómega” para a salvação do nosso país. Porém, e infelizmente, as coisas não são assim tão líquidas.
Fui ver alguns dados e também a composição das exportações. E dei comigo surpreso! Então não é que o ouro é um dos materiais que Portugal aumentou significativamente a sua exportação? Sim o ouro!
Mas não é o ouro moeda, o ouro do Banco de Portugal, nem o ouro extraído dos coutos mineiros. É o ouro das famílias portuguesas. É o ouro usado, o ouro em segunda mão que está a ser comprado por uma bagatela, por todo o país, e a ser exportado, principalmente para a Bélgica. Quem não encontra uma loja de compra de ouro usado na primeira esquina?
E numa coisa os pregadores do aumento das exportações têm razão, de facto há aqui muito mérito do governo. Aliás, é este o fruto de um programa lançado há um ano que visa a venda de anéis, cordões, pulseiras e fios usados para fazer as delícias de uns quantos especuladores e para gerar o maior empobrecimento de sempre das famílias portuguesas. Este é o resultado do maior aumento de impostos de sempre, do corte nos rendimentos, afinal o fruto da austeridade absoluta como via da salvação coletiva e que leva milhares de portugueses, com os olhos molhados, a desfazerem-se de bens de inestimável valor sentimental.
Quanto à diminuição das importações, também já se percebe o porquê. Reduziu-se a economia a zero e, portanto, uma economia cujas empresas não funcionam não precisa de comprar nem matérias-primas nem maquinaria ao estrangeiro.
Triste sina, esta, a de milhares de portugueses, não de todos. Receitaram-lhes uma medicação que estão a tomar estoicamente há um ano, mas as análises e radiografias que regularmente são feitas, nos laboratórios do estado, nos internacionais ou nos privados, todas, convergem: Portugal está pior, está muito pior do que estava há um ano atrás, com exceção de uns quantos fariseus, cujos nomes e credos bem conhecemos, que se vão lambuzando em todos os potes.

Nota: Que triste figura, a de António Sala, a dar a cara por um anúncio de conteúdo miserável, de venda/compra de ouro!
Acácio Pinto

in: Jornal do Douro | Notícias de Viseu