MILHARES DE HORÁRIOS ZERO: Intervenção durante a apreciação parlamentar do DL 139/2012


Deixo a minha intervenção durante o debate de apreciação parlamentar do DL 139/2012, que o PS propôs a cessação da vigência, em que estiveram presentes os secretários de estado Isabel Leite e João Casanova de Almeida:
«Não foi de ânimo leve que o PS avançou para o pedido de apreciação parlamentar do decreto-lei 139/2012.
Porém o que está em jogo é demasiado grave: MILHARES DE HORÁRIOS ZERO.
Este desfecho era previsível. Dissemo-lo neste parlamento mais do que uma vez. O governo omitiu-o outras tantas vezes.
MILHARES DE HORÁRIOS ZERO – é este o resultado das políticas desta equipa ministerial, deste governo, ele, sim um governo zero.
Afinal a implosão que Nuno Crato queria fazer não era do ministério era a implosão da escola pública e do serviço público de educação, é a implosão de milhares e milhares de docentes dos quadros e contratados.
Terão a nossa frontal oposição para este violento ataque, porque tal ataque, não se escudem, não estava, não está no memorando de entendimento. Está sim, no entendimento que vossas excelências para a educação.
Só uma turbação inadmissível desta equipa ministerial é que nunca admitiu este desfecho. Um desfecho sempre, dolosamente, omitido por Nuno Crato nesta casa.
E não continuem com a farsa. Desçam à realidade, assumam os erros que têm vindo a cometer e tirem as devidas consequências: mudem de rumo.
Não há nenhum mal nisso. O mal existirá é se teimarem em continuar a esconder-se atrás de cortinas de fumo. Ou então tentam a honradez de dizer que isto é o que vossas excelências querem. É a vossa opção ideológica.
Não façam conferências de imprensa a fazer a fazer de conta. A dizer que precisam de todos os professores. Foi porque ficaram alarmados com os números que foram colocados nas plataformas?
Quiseram tentar abrandar a revolta, que instalaram em todo o país? A dizerem que ficam em apoio?
Sejam frontais uma vez na vida: Parem.
Acabem com estas matrizes curriculares.
Reduzam o número de alunos por turma.
Acabem com esta minutização dos tempos letivos. Mas o que é isto: 1.100 minutos?
Terminem com estas fórmulas de matemática aplicada. As escolas não precisam de fórmulas. Não transformem as escolas em tabelas de exel. As escolas são espaços de ensino e de aprendizagem e devem ser espaços de autonomia e de liberdade.
Nada do que têm vindo a dizer que é autonomia o é. É, isso sim, o caminho para o centralismo absoluto. Para o controlo total e completo das escolas a partir da 5 de outubro. Qual diretor, qual quê? Querem transformá-los em meros robots e usá-los como preenchedores de plataformas informáticas.
Não tenham medo de dar às escolas a verdadeira autonomia. De as deixarem fazer a distribuição de serviço pelos docentes que têm disponíveis. Não os mandem para horário zero para depois os colocar em apoios e mais apoios.
Não tirem a dignidade aos professores, atirando-os para o inferno donde depois a candura ministerial do faz de conta os tira dizendo que precisa de todos. Isto não é politicamente sério.
Foi por tudo isto e muito mais que não cabe em 4 minutos desta grelha mas que devia tocar fundo no Governo, no PSD e no CDS que apresentámos um projeto de resolução a propor a cessação da vigência do dec.lei 139/2012.
Deixem-se de experimentalismos, deixem-se destas experiências que envolvem portugueses como vós e revertam esta situação aprovando o projeto do Partido Socialista, a bem da escola pública a bem de Portugal.»