"O que estava a fazer no dia 25 de abril de 1974?" Debate vivo e muito participado

Participei no dia 25 de abril no debate "O que estava a fazer no dia 25 de abril de 1974?" promovido pelas Edições Esgotadas e pela livraria Bertrand do Palácio do Gelo, em Viseu.
Comigo, neste debate, estiveram JAIME GRALHEIRO, um ilustre causídico de S. Pedro do Sul, dramaturgo, encenador autor de várias obras e que viveu abril por dentro, ARTUR OSÓRIO, também ele reputado advogado do concelho de Lamego e escritor e a TERESA ADÃO, professora, mulher das letras, diretora do Jornal Beirão, de Moimenta da Beira.
Excelente debate que permitiu audiências à memória por parte de cada um dos quatro participantes e permitiu ainda uma boa troca de experiências e a expressão das ideias de cada um sobre a atualidade política geral.
A resposta à pergunta "O que estava a fazer no dia 25 de abril de 1974?", pela minha parte, foi: era estudante, frequentava o 5º ano (hoje 9º), no colégio de Aguiar da Beira, que era propriedade do Padre Fonseca e nessa quinta feira, como normalmente, apanhei, em Rãs, onde residia, a carreira, da empresa União de Sátão e Aguiar da Beira, das nove menos dez. E foi aí, pelo motorista e pelo cobrador, que soube que tinha havido uma revolução em Lisboa. Claro está que, quando cheguei ao colégio, por volta das nove e vinte, já se notava alguma agitação e o resultado foi não haver aulas a partir do meio da manhã.
Mas esta iniciativa, das Edições Esgotadas e da Bertrand, permitiu também que tivesse que procurar uma minha fotografia da época que, depois de algumas buscas, encontrei. É de junho de 1974, foi tirada em Rãs, em casa do meu avô, Matias dos Santos e eu estava vestido com uma t-shirt que tinha estampado um retrato do "General do Povo", no caso o General Spínola.
Outros tempos. Tempos de construção. Tempos de início de liberdade. Tempos de esperança. Muita esperança.
Hoje, agora, tempos de nuvens cinzentas. Tempos de todos os liberalismos. De vontade de regressos a mordaças várias. De ataque ao trabalho. De cedência cega aos ditames do mercado.
Resistir. É de resistência que precisamos para combater esta governação neste Portugal e nesta Europa surda à criação de emprego e à defesa dos mais desfavorecidos, dos mais jovens, de todos quantos querem, em tempo útil, ousar!
Precisamos de outro caminho para Portugal e para a Europa.
Parabéns às Edições Esgotadas e à livraria Bertrand.
André Filipe e Acácio Pinto
Acácio Pinto em junho de 1974, em Rãs