De 25 para 35: é este o rigor da coligação?

Dos 10 prometidos passou a 11 ministros efectivos, mais o primeiro-ministro. Dos 25 prometidos passou a 35 efectivos secretários de estado, sendo que um deles (Bernardo Bairrão) foi, mesmo, demitido antes de ter tomado posse.
Sempre se pode dizerque são as coisas da governação e só não falha quem não faz, só não erra quem não decide... Pode-se dizer tudo isso que bem sabemos e bem conhecemos.
Mas há pormenores importantes em que nos devemos deter e que fazem toda a diferença.
Vejamos só um, que toca no rigor e na racionalização.
Afinal o número global de secretários de estado (que, segundo o PSD, era demasiado elevado no governo anterior) está na média de todos os governos que tivemos no nosso país nas últimas décadas, quer do PS, quer do PSD, quer de coligação. O crédito final é, então, de menos quatro ou cinco ministros. Aguardemos, pois, agora para perceber como é que esses designados "superministros" vão operacionalizar os seus gabinetes, para a gestão de tão vasta gama de dossiers governativos, para perceber se efectivamente estamos ante uma redução efectiva de gastos com "pessoal político", de racionalização de custos e de gestão rigorosa como tanto se apregoou durante os meses anteriores e, sobretudo, na campanha eleitoral.
Não quero ajuizar por antecipação, mas estarei atento. E só trago este assunto à colacção porque ele foi tão, abusivamente, usado como arma de arremesso contra o governo anterior.
Os portugueses cá estarão para fazerem a sua análise serena a médio prazo e para escrutinarem, também, as medidas extraordinárias de austeridade, além-troika, de que se faz eco na comunicação social e que este governo se apresta a tomar.
Se as coisas não são como começam, mas como acabam, fica, porém, e desde já, um travo amargo e de preocupação, neste início de mandato, para a coligação.