(Opinião) Em português directo

1. José Sócrates continua com sentido de responsabilidade a governar (inaugurar escolas, visitar empresas, a puxar pela economia) e a dizer aos portugueses que o país do que precisa é de estabilidade governativa.
Tem repetido este discurso vezes sem conta. Disse-o em Mangualde, em Matosinhos e em tantos outros locais. E continua a dizê-lo todos os dias.
E acrescenta, ainda, aquilo que é óbvio. Que o PS e o Governo não estão disponíveis para negociar seja o que for sob chantagem e com ultimatos de quem quer que seja. Portanto, o que o PS e o Governo não desejam é nenhuma crise política, que, porém, não temem se alguém a decidir abrir.
Igualmente, José Sócrates, tem deixado bem clara a sua posição sobre a proposta de revisão constitucional do PSD e de Passos Coelho. É uma proposta ultra-liberal, que quer destruir o Serviço Nacional de Saúde, agredir a Escola Pública (conquista tão cara da República e do Portugal democrático), despedir os trabalhadores por razões atendíveis e privatizar a Segurança Social. Em suma, o que o PSD quer é desmantelar o Estado Social.
2. Cavaco Silva tem, a este propósito, também sido bem claro. Tem enviado recados directos para o PSD e para Pedro Passos Coelho, dizendo por exemplo: “Um chumbo do Orçamento é coisa que não me passa pela cabeça”; “juntos somos melhores, juntos somos mais fortes, juntos venceremos os obstáculos que se nos deparam, como sempre fizemos…”.
Ou seja, do que nós precisamos é de estabilidade, de união de esforços e de muita responsabilidade política, sem cedência a demagogias fáceis.
É esta a mensagem do Presidente da República das últimas semanas. Mensagem que tem repetido por todos os locais do país onde tem estado, como ainda fez esta semana no Distrito de Viseu.
3. Marcelo Rebelo de Sousa também não tem ficado em silêncio. Tem falado, como tanto gosta de fazer. E os seus “conselhos” para o PSD têm sido de esperar com paciência, ser responsável, não ter pressa e não dizer, como fez Passos Coelho recentemente, que só é possível governar bem se a revisão constitucional for concretizada.
Ora veja-se lá bem onde chegou a desfaçatez de Passos Coelho, ao dizer que com esta Constituição não se pode governar bem. Será que um partido que quer ser poder pode dizer isto? Então se já Cavaco governou, Guterres governou, Barroso governou, Sócrates governa… e é agora Passos Coelho a dizer o que diz, quando sabe que a revisão da Constituição só poderá ser feita com 2/3 dos deputados da Assembleia da República? Que só com o PS tal percentagem será atingida?
Marcelo diz mesmo que “um partido que quer ser Governo não pode dizer que só será bom Governo e governará verdadeiramente bem se conseguir uma revisão que provavelmente não vai conseguir”.
Ou seja e dito de forma clara: quem diz isto não merece governar, pois já está a arranjar, prévios, álibis para o seu fracasso.